Abraão
Texto Básico: Gênesis 11.25-29.
Abraão foi o progenitor da nação hebreia. É considerado o pai das três maiores religiões monoteístas do mundo: os cristãos (em Cristo, filhos na fé de Abraão - G1 3.16), os judeus (descendência de Isaque) e os muçulmanos (descendência de Ismael). Poucas pessoas na Bíblia conheceram Deus na mesma proximidade como Abraão conheceu.
O nascimento de Abraão:
Abraão nasceu aproximadamente em 2.100 a.C., em Ur dos Caldeus, cidade rica e sofisticada da antiga região da Mesopotâmia. Por meio de Eber, estava na nona geração depois de Sem filho de Noé. Seu pai chamava-se Terá e teve dois outros filhos, Naor e Harã. Sara também era filha de Terá, porém não da mesma mãe de Abraão (Gn 20.12). O casamento entre irmãos foi proibido apenas a partir de Moisés (Lv 18.6).
Terá, pai de Abraão.
Pouco se sabe sobre Terá. Segundo Flávio Josefo, Terá praticava a idolatria e também fabricava ídolos. Josefo ainda afirma que Terá tinha um quarto em sua casa que era utilizado para guardar esses ídolos por ele fabricados, e certo dia ele precisou fazer uma viagem e pediu a Abraão que cuidasse desses ídolos.
Em seguida, Abraão pegou um machado e destruiu muitos daqueles ídolos, menos o maior deles. A seguir, pôs o machado na mão deste ídolo-maior, e disse a Terá que este havia destruído todos os outros. Terá dissera ser impossível tal coisa, pois este não era um ser vivo, não se movia, não tinha sentimentos e era de argila. Abraão então perguntou: “Então por que você adora um ser que não tem vida e não passa de argila?” - está talvez seja uma das informações mais antigas que temos sobre Abraão.
Harã, o irmão casula de Abraão:
Harã morreu cedo e deixou seu filho Ló, que se apegou ao seu tio Abraão. Após a morte de Harã, Terá saiu com sua família de Ur em direção a Canaã. Flávio Josefo sugere que Terá mudou-se de Ur devido à tristeza da morte de seu filho. Terá, no entanto, viajou apenas mil quilômetros até chegar a um lugar chamado Harã e ali ficou. Curiosamente Terá parou e ficou em um lugar que tinha o mesmo nome do seu filho que havia morrido. A Bíblia conclui dizendo que Terá não continuou seu trajeto até Canaã, e “havendo Terá vivido duzentos e cinco anos ao todo, morreu em Harã” (Gn 11.32).
A morte de Terá em Harã é curiosa. Alguma coisa distraiu Terá em Harã, tirando-o do seu foco inicial (Canaã). Talvez a semelhança do nome da cidade com a dor da perda do seu filho o fez trocar Canaã, que representava seu destino futuro e inicial, por Harã que tinha a ver com a lembrança do seu passado. O nome Harã significa “força”.
Aprendemos com isso que o nosso passado pode até ter força, porém ele não pode nos impedir de irmos ao encontro do nosso destino eterno (“Canaã Eterna”).
Deus fala pela primeira vez com Abraão:
Quando Abraão (que ainda se chamava Abrão) tinha a idade de setenta e cinco anos Deus falou com ele pela primeira vez. Essa é a primeira das sete vezes que a Bíblia relata que Deus falou com o patriarca.
A proposta de Deus para Abraão não era das mais fáceis de ser aceita. Ele já tinha família, e por certo já havia se adaptado ao lugar nos anos que estava em Harã. Deus havia lhe dito: “Sai-te da tua terra e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei... farei de ti uma grande nação, te abençoarei, engrandecerei o seu nome, e tu serás uma benção” (Gn 12.1-2). Após ter aceitado a direção de Deus, Abraão então saiu de Harã (atualmente Turquia), e não de Ur dos Caldeus (atualmente Iraque) - (Gn 12.4). Embora, haja evidências de que desde Ur, na Mesopotâmia, Deus já havia dito a Abraão acerca de Canaã (At 7.2-4).
Rumo ao desconhecido:
Abraão pegou sua esposa Sarai, Ló, seu sobrinho, todas as suas posses e “v5. Levou consigo sua esposa Sarai, seu sobrinho Ló, todos os bens que haviam conseguido amealhar e todos os escravos comprados em Harã; tomaram o rumo das terras de Canaã e lá chegaram. (Gênesis, 12)”, e partiu rumo a um destino desconhecido.
A proposta de Deus era “sai da terra” e “de pois te mostrarei”, isso exigia uma confiança total. O fato de que tinha servos indica que ele acumulara, pelo menos, uma quantidade razoável de riquezas. A imagem que a maioria das pessoas tem de Abraão é a de um andarilho perambulando com sua família pelas montanhas de Canaã, no entanto, Abraão na verdade era equivalente, na antiguidade a um xeique beduíno muito rico que governava centenas de súditos e servos. Abraão era rico em ovelhas, bois, jumentos, camelos, servos e servas. Quando correu para libertar Ló levou consigo 318 homens da sua casa.
Os reis vizinhos reconheceram-no como príncipe poderoso com quem eles se prezavam de ter aliança. Abraão era um homem muito bem-sucedido em todas as suas posses, e não um beduíno desprovido de condições necessárias para sua sobrevivência.
Uma viagem longa:
Ele viajou seiscentos e cinquenta quilômetros de Harã até chegar a Siquém, em Canaã. Siquém era um santuário pagão dos cananeus, e foi ali que Deus disse que daria aquela terra a ele e seus descendentes.
Deus do impossível:
Caminhando por Canaã, Abraão poderia ter se perguntado: como seria possível aquela terra tornar-se propriedade de sua prole, que ainda nem era nascida? A área já estava bastante ocupada, a Bíblia menciona dez povos distintos que ali viviam.
Mas, novamente, Deus aparece e declara explicitamente: “É à tua posteridade que eu darei esta terra” (Gn 12.7). Como sinal de fé Abraão erigiu um altar a Deus em Siquém. A expressão “invocar o nome do Senhor” (Gn 12.8) significa mais do que apenas orar. Na verdade, Abraão fez uma proclamação, declarando a realidade de Deus aos cananeus nos centros da falsa adoração deles.
O tempo inimigo ou aliado?
No entanto, à medida que o tempo passava, Abraão continuava sem filhos e estava cada vez mais cercado, na terra prometida, pelos cananeus pagãos. Parecia que sua fé na promessa de Deus começava a vacilar. Assim, quando uma violenta fome assolou Canaã, ele não esperou pelo Senhor e tomou uma decisão para “proteger” a si e sua família. Levantou imediatamente acampamento e conduziu sua casa para o Egito fértil e próspero, em busca de alimento.
Abraão mente:
Então Abraão revelou ainda outro aspecto intrigante do seu caráter. Com medo de que alguém o tentasse matar para tomar sua esposa, Sarai, ele mentiu. Por ser belíssima, ele pediu a ela que dissesse ser sua irmã, e não sua esposa. O faraó ouviu comentários sobre sua beleza e pediu que a trouxessem ao palácio (Gn 12.11 em diante). Ele a tratou bem, e a tomou para si, recompensando Abraão com “ovelhas, bois, jumentos, escravos, servas e camelos” em troca de sua “irmã”.
Porém, Deus puniu faraó com “graves doenças”, por ter ele tomado Sarai para si. Quando o faraó descobriu que Abraão havia mentido, ficou furioso. Enviou Sarai de volta para Abraão e expulsou toda sua tribo do Egito - mais tarde, Abraão teve uma experiência semelhante com Abimeleque, rei de Gerar, uma cidade filisteia perto de Gaza (Gn 20).
Abraão e Ló:
Após deixarem o Egito, eles retornaram para Neguebe, uma região desértica no sul da palestina, e de lá foram para Betei. Os rebanhos de Abraão e os de Ló cresceram tanto que já não havia pasto suficiente para todos os animais. Houve então uma desavença entre os pastores de Abraão e os de Ló, e os dois decidiram se separar v7. Por esse motivo, os homens que zelavam dos animais de Abrão brigavam com os que tomavam conta dos animais de Ló. E, nessa época, os cananeus e os ferezeus ainda habitavam essas terras. (Gênesis, 13)
Abraão disse a Ló que escolhesse que região ele gostaria de ficar e Abraão ficaria com a parte que sobrasse. Isso mostra que Abraão vivia pela fé e não pelas aparências. Qual quer que fosse a decisão de Ló, não abalaria Abraão. Ele não estava preocupado com o futuro, pois sabia que tudo estava nas mãos do Senhor. Ló possuía uma tenda, mas não tinha um altar.
Ló não invocava a direção de Deus para tomar suas decisões. Para alguém que não tem comunhão com Deus, tudo que lhe resta é seguir pelas aparências. Ló havia levantado os olhos e visto o que o mundo tinha a lhe oferecer, então, Deus convidou Abraão a levantar os olhos e ver o que o céu tinha a lhe oferecer. Ló escolheu um pedaço de terra que acabou perdendo, mas Deus deu a Abraão toda a terra que ainda pertence a ele e seus descendentes até o dia de hoje.
O Caráter de Ló:
Esse episódio revelou o caráter de Ló. Ele só havia prosperado e conseguido um rebanho porque Abraão o havia permitido sair com ele de Harã. Na primeira opção que teve, escolheu o “melhor” para si e o “pior” para o tio, demonstrando que em seu coração não havia nem ao menos o princípio da gratidão. Ló escolheu a bacia fértil do Jordão, estabelecendo-se próximo a cidade de Sodoma, na costa do Mar Morto. A Bíblia indica que naquela época, tal área era exuberante e fértil, e não o deserto árido que é hoje em dia. No entanto, sobrou para Abraão a terra de Canaã, na planície de Manre, perto de Hebrom.
Generosidade X Egoísmo:
Aquele foi um indício não apenas da generosidade de Abraão e do egoísmo de Ló, mas uma prova de que não é o lugar que faz a pessoa, mas sim a pessoa que faz o lugar. A benção estava sobre Abraão e não sobre Ló, e para onde ele fosse à benção de Deus o acompanharia.
Por causa da fé que Abraão demonstrou, Deus ampliou a aliança. Antes, Deus havia prometido que a semente de Abraão possuiria a terra e seria uma grande nação. Agora, Deus prometia a Abraão que sua descendência seria “tão numerosa como o pó da terra” (Gn 13.16-18).
Para confirmar essa palavra Deus disse: “Levanta-te! Percorre essa terra no seu comprimento e na sua largura, porque Eu a ti darei”. Pela primeira vez é dito claramente que Canaã será dada diretamente a Abraão durante sua vida terrena, e não apenas aos seus descendentes em um tempo futuro. Abraão mudou sua tenda para os Carvalhais de Manre, em Hebrom, e estabeleceu-se ali, usando Hebrom como uma base mais ou menos permanente, embora fosse basicamente um nômade.
Assim, que Abraão armou ali as suas tendas, edificou um altar ao Senhor (Gn 13.18). Algum tempo depois, sem que Abraão esperasse Deus o visitou ali em Hebrom (Gn 18.11). Deus sempre nos visitará onde houver um altar edificado a Ele.
Guerra e Resgate de Ló:
Houve uma guerra em que os reis de várias localidades próximas se uniram e atacaram as cidades ao longo da costa do Mar Morto, incluindo Sodoma e Gomorra. As cidades caíram, e Ló e sua família estavam entre os que foram capturados como escravos.
Quando Abraão ouviu que Ló fora capturado, reuniu em meio ao seu povo um exército de 318 soldados para resgatá-los. Ele os perseguiu até Dã, onde dividiu suas tropas e atacou quando o inimigo não esperava qualquer oposição. Ele os enfrentou e afugentou-os, libertando todos os prisioneiros e recapturando todos os bens retirados das cidades. Ele devolveu tudo ao rei de Sodoma, recusando qualquer recompensa, exceto a reposição de tudo quanto o povo comera enquanto ele os trouxera de volta (Gn 14.22).
Vitória de Abraão:
Interessante que Abraão não se envolveu na guerra até ficar sabendo que Ló havia sido capturado. Só então decidiu tomar uma atitude. Abraão sabia estar separado do mundo, sem estar isolado dele.
Era independente, porém não indiferente. A seguir, Melquisedeque, rei de Salém (antigo nome de Jerusalém), veio e abençoou Abraão. Abraão deu-lhe o dízimo de tudo o que possuía, não por ele ser o rei de Salém, mas sim por ele ser “sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14.18).
A Herança de Abraão:
Mas ainda havia em Abraão uma incerteza acerca de quem herdaria a sua herança. Certa vez ele argumentou com Deus que ainda não tinha filhos e que Eliezer de Damasco, seu mordomo, seria também seu herdeiro.
A descoberta dos documentos de Nuzi tem ajudado a esclarecer essa ainda obscura declaração. De acordo com o costume hurriano, um casal sem filhos sem condições de engravidar poderia adotar um herdeiro. Na maioria das vezes um servo, que era um escravo, e ele seria responsável pelo sepultamento e pelo luto dos pais adotivos.
Se um filho nascesse depois da adoção de um escravo herdeiro, o filho natural iria, é claro, suplantá-lo. Desse modo, a resposta de Deus à pergunta de Abraão vai diretamente a esse ponto: “v4. Então imediatamente lhe assegurou o SENHOR: “Não será Eliézer o teu herdeiro; mas, sim, um filho gerado de ti mesmo será o teu legítimo herdeiro!” (Gênesis, 15). Deus então confirmou sua aliança com Abraão, garantindo-lhe um herdeiro, uma nação e uma terra.
Abraão concubina:
Em seguida, Deus reafirmou a promessa da terra e de que Abraão teria um filho. Sarai era estéril, por isso acabou se aproveitando de uma lei que dizia que, se uma mulher fosse estéril, seu esposo poderia ter um filho com uma concubina, e a criança seria considerada filho legítimo de sua esposa. Abraão, erroneamente consentiu e, aos 86 anos, teve um filho com a concubina Hagar, que era serva de Sarai, e o menino chamou-se Ismael.
No entanto, Hagar começou a tratar Sarai de forma insolente, tratando-a com desprezo. A forma indiferente com que Hagar tratava a Sarai tornou-se algo tão evidente que Sarai reclamou com Abraão. Ele disse à esposa que poderia tratar o assunto como ela achasse necessário. Sarai maltratou tanto Hagar que a escrava egípcia pegou o menino e fugiu para o deserto (Gn 16.6). Um anjo encontrou-se com Hagar no deserto. Ele a orientou a retornar e submeter-se à sua senhora, prometendo que os descendentes de Ismael se tornariam uma grande nação: os árabes.
O Lapso de Fé:
Esse episódio relata um lapso na fé de Abraão. Ele foi impaciente. Sarai era uma boa pessoa, porém seu conselho não era bom. A aliança de Deus com Abraão não precisava da ajuda humana. Até hoje, muçulmanos e judeus brigam, principalmente por Jerusalém, reivindicam a posse do território que era de seu pai e tudo isso porque Abraão ouviu um conselho que não era para ser ouvido.
Consequências Negativas:
Sempre haverá consequências negativas na nossa vida quando quisermos colocar a nossa mão na quilo que Deus está construindo com a Dele.
Deus El-Shaddai.
Treze anos depois Deus voltou a falar com Abraão (Gn 17). Deus se revelou a Abraão como o Deus Todo-Poderoso (El-Shaddai). Este era o nome de Deus para Abraão. Décadas depois, para os judeus, Deus se revelou como o “Eu Sou o Que Sou”. Como os Judeus temiam falar o nome de Deus mencionavam o nome Yahweh, que era como se fosse a pronúncia de uma sigla das iniciais do nome que Deus revelou a Moisés (YHWH).
Mas a Abraão, Deus se revelou não como o Eu Sou o Que Sou, mas sim como o Todo-Poderoso. E isso foi proposital de Deus para com Abraão, pois só um Deus que tem todo poder pode fazer um casal cujo esposo tem cem anos, e a esposa noventa anos, gerar um filho de modo natural (Gn 17.17).
Como sinal físico da aliança de Abraão com o Senhor, este o instruiu a circuncidar-se e a todos os membros de sua casa e, a partir daquela data, todas as crianças do sexo masculino de- veriam ser circuncidadas oito dias após o nascimento (o brithmillah - pacto da circuncisão - religiosamente guardado pelos judeus até os dias de hoje).
Abraão para Abraão:
Nesse mesmo período Deus mudou o nome de Abrão para Abraão, e de Sarai para Sara. Abrão significa “pai exaltado”, e passou a ser Abraão, que significa “pai de multidões”. Sarai significava “contenciosa”, e passou a ser Sara, que significa “princesa”.
Pouco tempo depois o Senhor apareceu a ele em sua tenda reafirmando a promessa que Sara teria um filho. Tanto Sara quanto Abraão riram. O riso de Abraão (Gn 17.17) parece ter sido uma expressão de alegria, enquanto o de Sara (Gn 18.11-15) uma expressão de incredulidade que ela, vergonhosamente tentou desmentir. Por isso o menino chamou-se Isaque, que significa riso. O nome Isaque se origina da raiz hebraica sahaq, que significa “rir”.
Deduz-se que, nesse dia, Deus fez uma parada no caminho para sua ação mais devastadora, devendo julgar Sodoma e Gomorra devido à maldade desse povo. Deus deu a Abraão o privilégio de compartilhar dessa informação.
Numa cena comovente, Abraão mostra-se digno de ser o pai das nações ao ousar interceder por esses estrangeiros: “Destruirás o justo com o pecador?”, pergunta ele (Gn 18.23). Abraão consegue que Deus concorde em poupar as cidades se houver cinquenta justos. Depois continua a negociar o número até chegar a apenas dez justos.
Mas os depravados cidadãos de Sodoma e Gomorra mostraram-se indignos da intervenção de Abraão. Os anjos não conseguiram encontrar sequer dez justos. Logo cedo, na manhã seguinte, quando Abraão se levantou e saiu para contemplar o vale do Jordão, onde ficavam as duas cidades “viu a fumaça subir da terra, como a fumaça de uma fornalha” (Gn 19.28). Mas em resposta ao apelo de Abraão na véspera, Deus avisou a Ló e sua família. Embora a esposa de Ló tenha perecido na destruição dessas cidades, Ló e suas filhas sobreviveram fixando-se no planalto oriental daquela região da bacia do Jordão.
Isaque Nasce:
Logo após, Sara deu à luz Isaque. Quando Isaque nasceu, Ismael era aproximadamente da idade de quatorze anos (Gn 16.16; 17.17). Isso aparentemente gerou uma grande ameaça a Hagar, que até aquele momento acreditava que Ismael seria o único herdeiro de Abraão. À medida que Isaque crescia, a tensão entre Hagar e Sara também aumentava.
E, ao que parece, Ismael maltratava, ou pelo menos, desprezava Isaque (Gn 21.9-10). Sara mais uma vez insistiu que Hagar e o menino deveriam ser expulsos dali. De início, Abraão recusou-se a fazer isso, mas Deus lhe disse para fazer o que Sara queria. Assim, Abraão entregou água e alimento a Hagar e Ismael e os enviou para o deserto. Deus os protegeu e cumpriu a promessa de que Ismael, assim como Isaque, seria pai de uma grande nação.
Fé em teste:
No entanto, o maior teste de fé que Abraão enfrentou ainda estava para acontecer. Deus ordenou que ele oferecesse Isaque em sacrifício. Segundo Russel Norman Champlin, nessa época Isaque tinha aproximadamente vinte anos.
Esse foi um teste de fé não apenas para Abraão, mas também para Isaque, que já era um jovem forte e podia facilmente se livrar de Abraão, que já tinha mais de cento e vinte anos de idade.
Porém, Isaque também estava disposto a aceitar a vontade de Deus. Isaque constantemente ofertava e sacrificava a Deus com seu pai, a prova disso é que ele sabia que naquele dia entre os elementos básicos de um holocausto estava faltando o cordeiro.
Ao interrogar ao seu pai sobre onde estava o cordeiro para o holocausto, Abraão sabiamente lhe disse: O Senhor Proverá. O escritor aos Hebreus afirma que Abraão confiava que até dos mortos Deus se quisesse podia ressuscitar Isaque (Hb 11.18).
Sem dúvidas essa foi uma das decisões mais difíceis que Abraão tomou em sua vida. Deus havia dito que era através de Isaque que a sua aliança se concretizaria. Aparentemente matar Isaque significava matar a promessa. Naquele tempo Isaque havia se tornado o núcleo principal de todas as esperanças de Abraão. Isso explica a importância do pedido do oferecimento de Isaque em sacrifício.
O Dilema de Abraão:
O dilema que Abraão experimentou era que a promessa de Deus não poderia se cumprir se Isaque morresse. No entanto, Deus estava pedindo Isaque a Abraão para que ele entendesse que o centro da promessa não era Isaque, mas era Deus.
Quando Abraão estava prestes a cravar o cutelo sobre Isaque “o Anjo do Senhor bradou desde os céus e disse: Não estendas a tua mão sobre o moço e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus e não me negastes o teu filho, o teu único filho”. (Gn 22.11-12). O escritor aos Hebreus, no entanto, menciona que Abraão “ofereceu a Isaque” (Hb 11.17). De fato, para Deus Isaque foi oferecido, pois Deus valoriza mais a intenção do que a ação. A ação pode não ter sido a morte de Isaque em sacrifício, mas a intenção em obediência a voz de Deus foi de entrega completa.
Sara Falece:
O sacrifício de Isaque foi aceito sem ele ter sido sacrificado. Algum tempo depois Sara faleceu, na idade de cento e vinte e sete anos em Quiriate-Arba, que é Hebrom, território de Canaã (Gn 23.1). Foi enterrada na caverna do campo de Macpela. O local, na região de Hebrom, tornou-se a partir daquele momento o lugar de sepultamento da família.
O Sepultamento de Sara:
Era costume das famílias daquele tempo levar seus mortos de volta para casa, a fim de sepultá-los em suas terras. Até alguns patriarcas fizeram isso (Gn 50.4-5-25). Porém, Sara não foi conduzida para Ur ou Harã (Gn 11.31-32), mas foi sepultada em Canaã. O túmulo da família de Abraão em Canaã era uma declaração muda e poderosa: “Esta terra é nossa, está terra é nosso lar, conforme o Senhor prometeu”.
O Casamento de Isaque:
Três anos depois da morte de Sara, sendo já Abraão velho e adiantado em dias arranjou um casamento para Isaque, que na época tinha quarenta anos. Ele escolheu seu servo Eliezer para escolher uma mulher em meio a sua parentela, os descendentes de seu irmão Naor (Gn 24).
Isso manteria a integridade da linhagem familiar, evitando a possibilidade de Isaque se casar com uma cananeia. Esse arranjo para escolher a esposa de Isaque também fez com que o rapaz permanecesse na terra prometida e não fosse exposto as influências pagãs para encontrar sua noiva.
Com
isso, até mesmo em sua morte, Abraão tomou medidas para proteger os dois
maiores aspectos da sua aliança com Deus: a sua terra e a sua
descendência. Algum tempo depois Abraão casou-se com Quetura, que
lhe deu seis filhos: Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque
e Suá (Gn 25.1-6; lCr 1.32- 33). Os midianitas são descendência
de Midiã, o quarto filho de Abraão com Quetura.
Mas apenas Isaque teve direito a herança de Abraão, como dizem as escrituras “Abraão deu tudo o que tinha a Isaque” (Gn 25.5). Por fim, os midianitas tornaram-se inimigos dos israelitas, embora tenha sido por intermédio deles que Moisés aprendeu sobre a fé que fora revelada a Abraão.
Os dias de Abraão foram cento e setenta e cinco anos (Gn 25.7). O que significa que ele andou com Deus durante um século (Gn 12.4). Abraão começou a andar com Deus e percorreu o caminho completo. Apesar de seus erros ocasionais, Abraão realizou a vontade de Deus e por Ele foi usado para abençoar todo o mundo.
Sepultamento de Abraão:
Abraão foi sepultado pelos seus dois primeiros filhos, Ismael e Isaque (Gn 25.9), ao lado de Sara, na caverna de Macpela. Para os judeus, a história de Abraão é de importância nacional, pois marca a transição para o início de sua existência como povo e o seu direito divino à terra de Israel. No sentido religioso, também simboliza a ruptura com a idolatria pagã e o compromisso com o monoteísmo, em servir somente ao Senhor.
Abraão viveu o processo da promessa na integra. No começo da peregrinação de Abraão, Deus lhe disse: “Vai para a terra que eu te mostrarei” (Gn 12.1). Mais tarde, disse: “Eu te darei” (Gn 13.15-17). Então, sua palavra a Abraão foi: “À tua descendência dei esta terra” (Gn 15.18).
Em
2 Crônicas 20.7 e Tiago 2.23, Abraão é chamado de amigo de
Deus. A universalidade desse título para o pai da nação hebraica está
refletida no nome da mesquita construída em sua honra em Hebrom, isto é,
Al-Khalil (“O Amigo”). Segundo a tradição esta mesquita está
construída exatamente sobre o local em que estão enterrados Abraão e sua
família no campo de Macpela, em Gênesis 23.19 a Bíblia
afirma que eles foram realmente sepultados em Hebrom.
Pr Manuel Segundo Neto. São José de Mipibu RN
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