Personagens Bíblicos "Absalão"


 

2º Absalão.


Texto Básico: 2 Samuel 3.1-3

Texto Devocional: v3. o segundo, Quileabe, de Abigail, viúva de Nabal, de Carmelo; o terceiro, Absalão, de Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur; (2 Samuel, 3).

Introdução: Nome hebraico, significa “Pai da paz”.

Absalão era o terceiro dos seis filhos de Davi. Nasceu em Hebrom (durante o primeiro reinado de Davi, em Judá), depois de Amnom e Quileabe (2 Sm 3.2-3). Sua mãe chamava-se Maaca, terceira esposa de Davi, filha de Talmai, rei de Gesur, um pequeno reino arameu próximo ao mar da Galileia.

Por certo, Davi havia tomado Maaca como esposa a fim de estabelecer um tratado de paz com o pai dela. O fato de Absalão ter sangue real nas veias tanto por parte de pai como por parte de mãe pode tê-lo impelido em sua busca egoísta por um trono.

A formosura de Absalão:

Absalão é descrito como um homem formoso (v25. Em todo o Israel, não havia ninguém que fosse tão belo como o jovem Absalão, o qual era elogiado por todos em virtude de sua beleza física. Da cabeça aos pés, não havia nele nenhuma deformidade. 2 Samuel, 14), e isso pode ter contribuído para sua arrogância. Seus cabelos eram tosquiados anualmente e pesavam cerca de dois quilos (v26. Quando cortava o cabelo, ao final de cada ano, e apenas porque lhe pesava muito, tinha o costume de pesá-lo e apuravam-se quase dois quilos e meio de cabelo cortado, pela medida real de pesos. 2 Samuel, 14). Seu orgulho por seus cabelos longos e belos, por fim, custou-lhe a vida, quando morreu agarrado a uma árvore devido a eles. Sua vida turbulenta não faz jus a seu nome, que quer dizer o “pai da paz”.

Um caso de Família.

O primeiro evento crítico envolvendo a vida de Absalão foi o estupro de sua irmã Tamar por seu meio irmão Amnom (2 Sm 13.1-34). Davi, ao saber sobre o ocorrido, embora tenha ficado indignado com a atitude de Amnom, acabou não tomando nenhuma medida para puni-lo.

Esses acontecimentos ocorreram logo após o adultério de Davi com Bate-Seba. Deus havia dito que a espada não mais se apartaria da casa de Davi (2Sm 12.10). O julgamento de Davi contra o homem rico da história de Natã foi: “pela cordeirinha restituirá quatro vezes” (12.6), e esse julgamento foi executado contra o próprio Davi.

Consequências.

O bebê de Bate-Seba morreu; Absalão matou Amnom por haver violentado Tamar; Joabe matou Absalão durante a batalha no monte em Efraim; e Adonias foi morto ao tentar usurpar o trono de Salomão (l Rs 2.12-25). Sendo assim, quatro filhos de Davi foram mortos pela restituição da “cordeirinha”, conforme Davi havia predito em sua ira pela história de Natã.

Davi, um pai omisso.

A omissão de Davi em corrigir Amnom gerou em Absalão um sentimento de vingança pela dor de sua irmã. Absalão não falou nada com Amnom por dois anos, nem para ser gentil, nem para expressar sua raiva (v22. Quanto a Absalão, não falou mais com Amnom, porque Absalão estava revoltado, e grande quantidade de ódio fermentava em seu coração contra ele, por causa da violência covarde e humilhante que fizera contra sua irmã Tamar. 2 Samuel, 13). Um dia atraiu Amnom a uma festa de tosquia de ovelhas, um evento alegre em Israel, na antiguidade. Ali, fez com que Amnom se embebedasse e o matou.

Primeira fuga de Absalão:

A seguir, fugiu para Gesur, quase cento e trinta quilômetros ao norte de Jerusalém, onde, por três anos, refugiou-se no palácio de seu avô, o rei Talmai.

Mesmo depois de ter matado Amnom, Absalão continuava sendo muito amado por Davi e desejava poder voltar. Através da mediação de Joabe, Davi o chamou de volta, porém foi inepto ao lidar com o seu filho amado. Deixou que ele voltasse, mas recusou-se a vê-lo. Na verdade, o próprio retorno de Absalão do exílio foi concretiza do pelo trabalho engenhoso de Joabe, o principal chefe militar de Davi.

 O Complô de Joabe:

Joabe usou uma mulher inteligente de Tecoa (vila da qual veio o profeta Amós) e juntos inventaram uma história, aparentemente para assegurar a ajuda do rei à mulher em sua vida pessoal doméstica, mas, na verdade a intenção era envolver psicologicamente o rei, por causa do paralelismo entre seu próprio filho Absalão e o caso da mulher.

A história envolvia dois filhos, um dos quais feriu o outro e agora a mulher estava em risco de perder o outro filho, por causa do costume da vingança de sangue. Com astúcia, ela repetidamente obteve o juramento do rei de que ninguém poderia matar o seu filho, até finalmente introduzir o nome do Senhor nas repetidas declarações que lhe foram feitas por Davi. O rei até mesmo jurou a ela, pelo nome do Senhor, de que não haveria nenhuma matança v11. Replicou ela: Lembra-te, ó rei, de Yahweh teu Deus, a fim de que o vingador do sangue não aumente a desgraça e não faça o meu filho perecer! Então o rei prometeu à mulher: Tão certo como Yahweh vive, não cairá no chão nem um só cabelo da cabeça do teu filho!” (2 Samuel, 14).

Davi descobre o plano:

Ao invés de sair satisfeita, a mulher pressionou o rei, substituindo, com audácia e coragem, “o povo de Deus” pela família, e “o desterrado” pelo filho fictício em sua parábola. Ela chamou o rei Davi de “o culpado” (2Sm 14.13). Percebendo que o rei estava compreendendo o plano muito rapidamente, a mulher tentou desconversar e fazer parecer que ela estava ainda descrevendo o seu próprio caso, mas Davi já havia entendido. Conhecendo as ideias de Joabe sobre o assunto, o rei perguntou à mulher: “Não é certo que a mão de Joabe anda contigo em tudo isto?”. Rapidamente a mulher revelou a verdade e louvou a sabedoria do rei com extravagância (2Sm 14.19,20).

 A restauração de Absalão por intermédio de Joabe:

Foi dada a Joabe a permissão de restaurar Absalão, mas este permaneceu infeliz porque não havia ainda uma reconciliação plena. Quando Joabe recusou-se a fazer qualquer outra coisa mais por Absalão, este se enfureceu e ordenou a seus servos que colocassem fogo no campo de cevada de Joabe. Então Joabe veio até Absalão e os acordos para Absalão encontrar Davi foram completados (2Sm 14.28-33).

 A Reconciliação:

Finalmente, então, a reconciliação aconteceu. Absalão curvou-se perante Davi, que o ergueu e o beijou com carinho. Davi, nessa época, tinha aproximadamente sessenta anos de idade. Porém, infelizmente, da parte de Absalão, essa reconciliação foi mais aparente do que real.

Isso porque, dois anos após (quando já havia quatro anos que havia retornado de Gesur para Jerusalém), Absalão estava preparado para dar o golpe contra o reinado de Davi. A frieza de Absalão é algo que nos impressiona na sua história. Ele foi insensível o suficiente para planejar por dois anos a morte de Amnom, e agora para planejar durante quatro anos a revolta contra o pai, sem que isso gerasse nele algum receio.

Ao lermos os “salmos do exílio”, de Davi, temos a impressão de que, nessa época, o rei se encontrava enfermo e não estava podendo cuidar diretamente dos assuntos do reino, dando a Absalão a oportunidade de ouvir as necessidades do povo, “tomar” o lugar de seu pai e de assumir o “controle” do reino. Não porque Davi estava sendo negligente com o reino, mas porque a sua enfermidade o obrigou se ausentar mais do exercício do poder.

 Absalão trabalha contra o reino:

Devido ao fato de que Davi não estava à disposição, Absalão encontrava-se pessoalmente com o povo na estrada que levava à porta da cidade, para onde os israelitas se dirigiam todas as manhãs a fim de que suas queixas fossem examinadas e suas causas fossem julgadas.

Na antiguidade, a porta da cidade equivalia à prefeitura e ao fórum (Rt 4.1; Gn 23.10; Dt 22.15; 25.7), e Absalão sabia que encontraria ali muita gente insatisfeita se perguntando por que o sistema judicial não funcionava com eficiência (Veja 2Sm 19.1-8).

Absalão bajula o povo:

Absalão cumprimentava esses visitantes como se fossem amigos de longa data e descobria de onde vinham e quais eram seus problemas. Concordava com todos que suas queixas eram válidas e que deveriam ser decididas em favor deles no tribunal do rei. Suas palavras não passavam de bajulação barata, do tipo mais desprezível, mas o povo adorava.

 Absalão dizia que poderia cuidar melhor dos assuntos do reino se, ao menos, fosse juiz (v4. E Absalão sugeria: “Quem me dera ser designado juiz desta terra! Todas as pessoas que tivessem uma causa ou demanda legal viriam a mim, e eu lhes faria justiça!” 2 Samuel, 15). Uma forma sutil de criticar o pai.

Quando as pessoas começavam a se curvar diante de Absalão por ser o “príncipe herdeiro”, estendia a mão a fim de detê-las, puxava-as para junto de si e as beijava v5. E sempre que alguém se aproximava para se prostrar diante dele, ele estendia-lhe a mão, puxava-o para si e o beijava. (2 Samuel, 15)

Davi havia conquistado o coração do povo pelo seu serviço e dedicação, mas Absalão o fez do modo mais fácil, como se faz hoje em dia: criando uma imagem irresistível de si mesmo ao povo. Davi foi um herói, enquanto Absalão foi apenas uma celebridade. Infelizmente muitos israelitas haviam se acostumado com seu rei e não lhe davam mais o devido valor.

 Uma parte do povo iludido apoia Absalão:

Por fim, quando sentiu que já possuía bastante apoio, Absalão reuniu suas tropas em Hebrom, que ficava a cerca de 30 quilômetros ao sul de Jerusalém. Hebrom era seu local de nascimento e a capital do primeiro rei nado de Davi. Por que Absalão decidiu começar sua rebelião em Hebrom? Um dos motivos foi o fato de a cidade ser a antiga capital de Judá, e talvez alguns deles estivessem se sentindo rejeitados com o fato de Davi ter mu dado a capital para Jerusalém.

Como Absalão havia nascido em Hebrom podia dizer que possuía maior afinidade com seus habitantes. Além disso, Hebrom era de fácil alcance a Jerusalém, um ponto favorável em uma possível tomada de Jerusalém. Hebrom era uma cidade sagrada para os israelitas, pois havia sido designada para os sacerdotes e era relacionada à Calebe (Js 21. 8-16).

Um passo decisivo para Absalão foi conquistar o apoio de Aitofel, o conselheiro mais astuto de Davi. Aitofel era avô de Bate-Seba, e certamente não havia aceitado o adultério de Davi com a jovem e a morte de Urias encomendada por Davi. Era a grande oportunidade de Aitofel vingar-se de Davi. Porém, ao apoiar Absalão, Aitofel rejeitou Salomão, filho de Bate-Seba, o qual Deus havia escolhido para ser o próximo rei de Israel.

 Davi foge:

Diante disso Davi deixou Jerusalém e foi para Maanaim, do outro lado do Jordão (2Sm 15.7-18), para proteger-se e para planejar sua resistência. Davi havia entendido que é melhor a vida do que o trono. Absalão, ouvindo dizer que Davi abandonara Jerusalém, para ali se dirigiu e apossou-se do poder, sem qualquer oposição. Com a companhia de Aitofel ele estava mais forte ainda. Aconselhado por Aitofel, Absalão marcou a conquista mantendo relações sexuais com as dez concubinas que Davi havia deixado para cuidar do palácio.

Havia também outros a quem Davi, com sangue frio, persuadira a ficar em Jerusalém, para servirem a seus interesses no coração do território de Absalão. Os dois sumos sacerdotes Abiatar e Zadoque (2Sm 15.29), encarregavam-se de manter Davi informado, usando seus próprios filhos como mensageiros.

A Estratégia de Davi:

Havia ainda Husai, a quem Davi enviou para tentar reverter à situação, conquistando a confiança de Absalão e neutralizando a orientação de Aitofel. Aitofel aconselhou Absalão a perseguir imediatamente a Davi, antes que ele tivesse tempo para recuperar-se do golpe recebido (2Sm 17.1-2) ele havia trabalhado muito tempo com Davi e não duvidava de sua capacidade.

Mas Husai, procurando ganhar tempo e desempenhando bem o seu papel como “agente duplo” designado por Davi, persuadiu Absalão a não arriscar uma possível derrota, dizendo que Davi e seus veteranos combatentes eram homens desesperados e perigosos “como a ursa a que se tiram as crias no campo” (v8 E Husai prosseguiu argumentando: “Tu bem sabes que o teu pai e a sua gente são guerreiros valentes e estão muito irados com tudo o que tem acontecido, assim como fica a ursa a que se tiram as crias. Teu pai é um soldado experiente e não permitirá que todo o seu exército durma nem passará a noite toda no acampamento. 2 Samuel, 17).

Fatalmente, para Absalão, ele ouviu esse conselho. Aitofel percebeu claramente que o príncipe para o qual tinha transferido sua lealdade havia cometido um erro fatal e que sua própria carreira estava destruída. Foi para sua casa e lá se enforcou.

Enquanto isso, Davi reuniu suas forças e conseguiu organizar três divisões de soldados comandados por Joabe, Abisai e Itai (2Sm 18.2). Joabe era o comandante em guerra. Sua tática foi de atrair o adversário para os bosques na floresta de Efraim para então cercá-lo. Isso foi feito e os homens de Absalão foram destruídos facilmente (20 mil deles) pelos bem treinados homens de Davi, acostumados ao difícil terreno de florestas e elevações, enquanto os demais fugiram.

 O fim de Absalão:

Absalão montou em uma mula ligeira, mas, enquanto fugia, os galhos de uma árvore enroscaram-se em seus longos cabelos e ele ficou suspenso no ar, enquanto a mula passou adiante. Um dos homens de Joabe o viu e não ousou tocá-lo, pois tinha ouvido Davi dar instruções para que não o matassem, mas Joabe apressou-se até o lugar e o transpassou com três dardos.

 Seu corpo foi arriado e lançado em uma cova, com um montão de pedras por cima (2Sm 18.7-17). Davi muito se entristeceu quando soube da morte de Absalão. Embora Absalão tivesse feito tantas coisas que entristecera seu pai, ele ainda o amava, e não desejava sua morte.

Absalão teve quatro filhos, sendo três homens e uma mulher. Sua filha se chamou Tamar, em homenagem a sua irmã que ele tanto amava. Parece-nos que seus três filhos morreram ainda na infância, pois, mais a frente, Absalão lamenta dizendo: “Filho nenhum tenho para conservar a memória do meu nome” (2Sm 18.18), é provável que somente sua filha Tamar tenha sobrevivido.

A história de Absalão serve para nos ensinar sobre a soberania de Deus. Independente da maquinação maligna dos homens, Deus continua sendo soberano. Não foi porque Davi fugiu de Jerusalém que deixou de ser rei, e nem foi porque Absalão invadiu Jerusalém e tomou o trono de seu pai que permaneceu sendo rei.

Precisamos confiar que nosso Deus é soberano e não perde o controle das nossas vidas. Existem situações em que tudo o que precisamos fazer é nos reservar e esperar a ação divina em nosso favor.

 

 

 

 

Comentários