"Tipologia de cristo Nos Sacrifícios AT"

 


 

II. Os Sacrifícios Prescritos no Antigo Testamento.

 

Em cada livro no velho Testamento encontramos informações dobre os “Tipos de Cristo, da Igreja, do mundo, do cristão”

 

1. O Cordeiro Pascal. A redenção permanente e nacional de Israel, assim como a segurança do primogénito de cada família, foi assegurada pelo cordeiro pascal. Tão profunda foi esta redenção que de Israel era exigido que, em reconhecimento dela, fosse restabelecida a Páscoa por todas as gerações - não como uma renovação da redenção, mas como um memorial. Os dois aspectos gerais do significado da Páscoa são bem expressos por C. H. Mackintosh:

 

Temos de contemplar o cordeiro pascal em dois aspectos, a saber, como a base da paz, e como o centro da unidade. O sangue sobre a verga da porta assegurava a paz de Israel - “vendo eu o sangue" (v. 13). Não havia algo mais exigido, a fim de se desfrutar a paz estabelecida, em referência ao anjo da morte, do que a aplicação do sangue da aspersão.

 

A morte tinha de fazer a sua obra em cada casa, por toda a terra do Egito. “Está destinado aos homens morrerem uma só vez”. Mas Deus, em sua grande misericórdia, encontrou um substituto imaculado para Israel, sobre o qual a sentença de morte foi executada.

 

2 - As Cinco Ofertas:

 

Texto Básico: Levítico 1.1-7.

 

As Cinco Ofertas (Lv 1.1-7.38). As cinco ofertas são: a queimada, a de comida, a pacífica, a pelo pecado, e a de ofensa.

 

Essas são devidamente classificadas como ofertas de cheiro suave, grupo esse que inclui as primeiras três, e as ofertas que não são classificadas como de cheiro suave, em que se incluem as duas últimas.

 

Foi feita referência anteriormente a estas cinco ofertas, e será suficiente, a esta altura, reafirmar que as ofertas de cheiro suave representam Cristo, que se ofereceu a si mesmo sem mácula a Deus (Hb 9.14 quanto mais, então, o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu de forma imaculada a Deus, purificará a nossa consciência de atos que levam à morte, de modo que sirvamos ao Deus vivo), e que este é substitutivo ao grau em que, como o pecado é totalmente carente de mérito perante Deus (Rm 3.9; G1 3.22), Cristo liberou e tomou disponível, com base em sua perfeita justiça, o seu próprio mérito como a prova da aceitação do crente e de sua posição diante de Deus.

 

Por outro lado, deveria ser lembrado que as ofertas que não são de cheiro suave apresentam Cristo como um sacrifício pelo pecado, e, como tal, a face do Pai é desviada e o Salvador grita: “Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?” (Sl 22.1; Mt 27.46; Mc 15.34).

 

A base para um perdão justo e completo na morte de Cristo é, assim, prefigurada nas ofertas que não são de cheiro suave.

 

3 - As Duas Aves: (Hoje 17/10/2024)

 

Texto Básico: Levítico 14.1-7. Disse também o Senhor a Moisés: 2 "Esta é a regulamentação acerca da purificação de um leproso: ele será levado ao sacerdote, 3 que sairá do acampamento e o examinará. Se a pessoa foi curada da lepra, 4 o sacerdote ordenará que duas aves puras, vivas, um pedaço de madeira de cedro, um pano vermelho e um ramo de hissopo sejam trazidos em favor daquele que será purificado. 5 Então o sacerdote ordenará que uma das aves seja morta numa vasilha de barro com água da fonte. 6 Então pegará a ave viva e a molhará, juntamente com o pedaço de madeira de cedro, com o pano vermelho e com o ramo de hissopo, no sangue da ave morta em água corrente. 7 Sete vezes ele aspergirá aquele que está sendo purificado da lepra e o declarará puro. Depois soltará a ave viva em campo aberto.

 

As Duas Aves (Lv 14.1-7). Como no dia da Expiação, quando os dois bodes eram requeridos para cumprir a descrição total da morte de Cristo, assim as duas aves são exigidas na purificação da lepra - o tipo do pecado. A primeira ave morta fala de Cristoentregue pelas nossas ofensas”, enquanto a segunda ave, submersa no sangue da primeira ave e solta, fala de Cristoressuscitado para a nossa justificação” (Rm 4.25).

 

ü  Obs. Todo o processo era feito através de rituais: A distinção encontrada no Antigo Testamento entre puro e impuro era funda mental para a religião israelita/hebreia. O Senhor tinha de ser servido e adorado por um povo puro e virtuoso. Eles deveriam ser fisicamente limpos (Êx 19.10ss.; 30.18-21), ritual e cerimonialmente puros, oferecendo os sacrifícios corretos por meio das cerimônias corretas e moralmente limpos de coração. Davi oraria mais tarde: “Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e mais branco do que a neve serei” (Sl 51.7)

 

Pureza ritual em Israel e no antigo Oriente Médio: Levítico 10.

 

Antes de entrar na presença do Senhor, era exigido dos sacerdotes um estado de pureza ritual — precisavam estar “limpos”. De fato, se o “santo” viesse a entrar em contato com o “impuro”, os resultados poderiam ser devastadores (Lv 10.8-11; 15.31).

 

Impureza num lugar sagrado (especialmente no tabernáculo, mas por extensão, qualquer lugar da Terra Santa) corromperia esse espaço e, se a situação não fosse resolvida, constituiria justificativa para que Deus retirasse sua presença (Ez 8— 11).

 

As leis de purificação de Israel (Lv 11 -15), cujos detalhes não encontram paralelos em outras literaturas do antigo Oriente Médio, lembravam os israelitas do abismo que os separava do Deus Santo (Lv 10.3 E disse Moisés a Arão: Isto  é  o que o  Senhor  falou, dizendo: Serei santificado naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão calou-se.) e do ardente desejo de Deus de que eles se tornassem como ele em termos de pureza (11.44,45; 19.1,2; cf. as palavras de Jesus em Mt 5.48 Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que  está  nos céus.).

Essas leis também ensinavam aos israelitas que sua impureza era resultado não de poderes demoníacos, como amplamente crido no mundo ao redor deles, mas da desobediência à lei de Deus.

 

Mais que isso, a impureza (condição que impedia ao indivíduo estar na presença de Deus, no santuário) era a condição que ocorria a todo o povo de tempos em tempos, simplesmente por causa da natureza humana.

 

Lv 12 Purificação de mulher depois do parto.

Lv 13 A lei sobre a praga da lepra.

Lv 14 A lei sobre o leproso depois de sarado.

Lv 15 Imundícias do homem e da mulher.

 

A ameaça maior não era, portanto, a impureza em si, mas a impureza prolongada pela negligência. Deus prescreveu rituais de purificação regulares pelos quais a impureza podia ser removida, a ameaça de juízo era suspensa e a entrada à presença do Senhor era outra vez permitida.

 

A aceitação do sacrifício de sangue, especialmente o sacrifício oferecido uma vez por ano pelo sumo sacerdote no Dia da Expiação (cap. 16; cf. 17.11), era fundamental nesse processo.

 

Os regulamentos não sacrificais como os que prescreviam a lavagem com água, também estão detalhados em 11— 15. Mesmo assim, a verdadeira santidade não era — e ainda hoje não é — alcançada sem justiça, amor ao próximo e coração totalmente comprometido com o Senhor e com sua aliança (19.2; cf. Am 5.21-23)

 

4. O Dia da Expiação. Além disso, o alcance maior e o cumprimento da morte de Cristo são demonstrados tipicamente em detalhes magníficos pelos eventos e exigências específicas do dia da Expiação.

 

Do significado tipológico das ofertas prescritas para o dia da Expiação - o boi para o sumo sacerdote, e os dois bodes o Dr. C. I. Scofield afirma:

 

Λ oferenda do sumo sacerdote por si mesmo não tem antítipo em Cristo (Hb 7.26-27). O interesse tipológico centra-se sobre os dois bodes e o sumo sacerdote.

 

Tipológicamente (1) tudo é feito pelo sumo sacerdote (Hb 1.3, “por Si mesmo”), as pessoas somente trazem o sacrifício (Mt 26.47; 27.24, 25).

 

(2) O bode morto (porção de Jeová) é aquele aspecto da morte de Cristo que vindica a santidade e a justiça de Deus expressa na lei (Rm 3.24-26), e é expiatório.

 

(3) O bode vivo tipifica aquele aspecto da obra de Cristo que retira os nossos pecados da presença de Deus (Hb 9.26; Rm 8.33, 34).

 

(4) O sumo sacerdote, ao entrar no lugar santíssimo, tipificava Cristo, que penetrou no “próprio céu” com “seu próprio sangue” por nós (Hb 9.11, 12). Seu sangue faz aquele ser o “trono da graça” e o “propiciatório”, que também deve ter sido um trono de julgamento.

 

(5) Para nós, os sacerdotes do Novo Pacto, há o que Israel nunca teve, um véu rasgado (Mt 27.51; Hb 10.19, 20).

 

De modo que, para adoração e bênção, temos de entrar, em virtude do seu sangue, onde Ele está, no lugar santíssimo (Hb 4.14-16; 10.19-22).

 

Λ expiação de Cristo, da forma em que foi interpretada pelos tipos sacrificiais do Antigo Testamento, tem esses elementos necessários:

 

(1) ele é substitutivo a oferta toma o lugar do ofertante na morte;

(2) A lei não é evitada, mas honrada - toda morte sacrificial era uma execução da sentença da lei.

 

(3) A impecabilidade de Cristo que suportou os nossos pecados é expressa em todo sacrifício animal - devia ser sem mancha.

(4) O efeito da obra expiatória de Cristo é tipificado (a) nas promessas; “lhe será perdoado”; e (b) na oferenda pacífica, a expressão de comunhão - o mais alto privilégio do santo.

 

Curiosidades sobre os sacrifícios dos bodes:

 

Lv 16.8 “Azazel” ou “bode expiatório” ou “bode emissário” é um termo que aparece nos versículos 8, 10 e 26, e tem sido traduzido de várias maneiras, refere-se ao segundo dos dois bodes sobre os quais era lançada sorte no

 

Dia da Expiação. O primeiro era sacrificado como oferta pelo pecado (v. 9), mas o segundo bode, o bode emissário (v. 26), tinha sobre si os pecados do povo, transferidos a ele por oração e imposição de mãos antes de ser enviado ao deserto.

 

Imagina-se que a palavra hebraica usada para traduzir “bode emissário” esteja relacionada com uma palavra árabe que significa “remover”. Assim, é traduzida frequentemente por “remoção”. O significado verdadeiro do termo e seu uso no contexto de Levítico 16 são incertos.

 

Os aspectos específicos assim referidos são: o touro para o sumo sacerdote, a substituição do animal pela pessoa pecaminosa, a manutenção da lei, o caráter perfeito do sacrifício, o pecado coberto pelo sangue do primeiro bode, e a culpa retirada pela soltura do segundo bode.

 

5. O Novilho Vermelho (Nm 19.1-22). A doutrina do Novo Testamento que trata da purificação do crente está afirmada em 1 João 1.7-9. A depravação é removida pelo sangue de Cristo, mediante a confissão. O tipo de tal purificação, que servia também para um grande propósito na economia do sistema mosaico, é visto na ordenanças do novilho vermelho.

 

O novilho era queimado completamente fora do acampamento, mesmo o seu sangue, exceto aquele que era espargido diretamente perante o Tabernáculo da congregação, onde o povo devia encontrar-se com Deus. Ali o sangue era espargido sete vezes (porque era ali que Deus se encontrava com o seu povo), um testemunho perfeito aos olhos de Deus para a expiação feita pelo pecado.

 

Eles tinham acesso ali de acordo com o valor desse sangue. O sacerdote atirava ao fogo madeira de cedro, hissopo, e escarlate (isto é, tudo que era do homem, e sua glória humana no mundo). “Do cedro até o hissopo” é a expressão da natureza da sua parte mais elevada até a sua mais baixa profundeza.

 

O escarlate é a glória externa (o mundo, se lhe agrada). A totalidade era queimada no fogo que consumiu Cristo, o sacrifício pelo pecado. Então, se alguém contraía corrupção, embora fosse meramente através de negligência, ou em qualquer modo que pudesse ser, Deus tomava conta da corrupção.

 

E este é um fato solene e importante: Deus faz os arranjos para a purificação, mas em caso algum Ele pode tolerar qualquer coisa em sua presença inadequada. Pode ser difícil um caso inevitável, alguém morrer repentinamente no Tabernáculo.

 

Mas foi para mostrar que por Sua presença Deus julga aquilo que é adequado à Sua presença. O homem foi corrompido e ele poderia ir para o tabernáculo de Deus. Para limpar uma pessoa cheia de poluição, eles tomavam água corrente, na qual colocavam as cinzas do novilho, e o homem era borrifado no terceiro e no sétimo dia; então era purificado.

 

Jesus em sua ação antítipo fez isso:

 

8. Disse-lhe Pedro: “Senhor, jamais me lavarás os pés!” Ao que Jesus lhe advertiu: “Se Eu não lavar os teus pés, tu não terás parte comigo.9. Rogou-lhe Simão Pedro: “Senhor, lava não somente meus pés, mas também, as minhas mãos e a minha cabeça!” 10. Explicou-lhe Jesus: “Quem já se banhou precisa apenas lavar os pés; o seu corpo já está completamente limpo. Vós também estais limpos, mas nem todos.” 11. Pois Jesus sabia quem iria traí-lo, e por isso disse: “Nem todos vós estais limpos.” (João, 13)

 

Os aspectos essenciais desta ordenança eram: Um cordeiro sem macha, a morte do animal, cada parte consumida pelo fogo, a retenção das cinzas para purificação, a mistura da cinza com a água, e a aplicação da água e cinzas para a purificação da corrupção.

 

Levítico 16 Uma vez a cada ano, no dia 10 do sétimo mês, o sumo sacerdote entrava no Lugar Santíssimo para fazer a expiação por si mesmo, pelos outros sacerdotes, pelo tabernáculo e altar e por toda a população de Israel

 

Os ritos de purificação decretados para esses dias pressupunham que o método comum da expiação (cap. 1— 7; 11— 15) eram insuficientes para purificar o povo de seus pecados e assim satisfazer plenamente a justiça de Deus.

 

Jesus como o nosso sumo-Sacerdote: Jesus em sua obra de intercessor, não havia necessidade de se purificar para comparecer diante do Pai em nosso favor, pois Nele não havia mancha do pecado, nem sua boca houver engano. v46 Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que razão não me credes? (João 8) 

 

Tudo isso se devia ao fato de que, em grande medida, os israelitas falhavam em seguir todas as prescrições divinas e também ao acúmulo de pecados cometidos inadvertidamente e por isso não reconhecidos nem expiados.

 

Uma vez que a ira de Deus contra essas impurezas e transgressões não era apaziguada, elas contaminavam o Lugar Santíssimo (16.16). Os dois temas básicos relativos ao dia da expiação são:

 

Em primeiro lugar: A ordem e o significado do ritual

Em segundo lugar: O significado/identidade do bode expiatório.

 

No principal dia do calendário religioso israelita, o sumo sacerdote, após um banho, vestia roupas de baixo brancas e uma túnica branca. Nessa ocasião, não podia usar sua insígnia cerimonial, comunicando, pela ausência desse símbolo de status, que ninguém podia se aproximar de Deus com pretensão de autoridade ou prestígio.

 

O Ritual do Sumo Sacerdote

 

Em primeiro lugar: O sumo sacerdote iniciava O ritual oferecendo um touro pelos próprios pecados e pelos de sua família, depois tomava O incensário com brasas vivas e cobria O Lugar Santíssimo de fumaça, em seguida, aspergia o sangue do touro sobre a arca da aliança.

 

Essa deliberada inclusão de si mesmo demonstrava que ninguém, nem mesmo o sumo sacerdote, estava sem culpa diante de Deus. Feito isso, o sumo sacerdote lançava sorte entre dois cabritos: um deles seria sacrificado, enquanto o outro se tornaria o "bode expiatório".

 

Em segundo lugar: O cabrito sacrificado representava a propiciação, por meio da qual a ira de Deus contra seu povo era afastada. Já o bode expiatório representava a expiação, pela qual a culpa dos pecadores era removida.

O sumo sacerdote sacrificava um cabrito pelos pecados do povo, aspergindo um pouco do sangue sobre a arca.

 

Então ele saía da tenda e purificava o altar com o sangue do touro e do cabrito. Repousando as mãos sobre a-cabeça do bode expiatório, o sumo sacerdote confessava os pecado do povo sobre ele.

 

Exigia-se da pessoa designada para conduzir o bode expiatório até o deserto e libertá-lo que lavasse as próprias roupas e se banhasse antes de retornar ao acampamento.

 

Em terceiro lugar: O sumo sacerdote deixava suas roupas brancas na Tenda do Encontro, banhava-se outra vez e então vestia seus trajes sacerdotais. Essas ações comunicavam que a santidade do santuário devia permanecer ali: nada podia ser levado para fora, para o acampamento, com o sumo sacerdote.

 

O touro e o cabrito sacrificados deveriam ser inteiramente queimados. Alguns argumentam que os israelitas viam o bode expiatório como a encarnação do "cabrito-demônio" do deserto.

 

Essa interpretação, porém, contradiz o ensino de Levítico 17.7, que proibia os israelitas de fazer oferendas a ídolos em forma de bode. O mais provável é que a palavra hebraica traduzida por "bode expiatório" simples mente se refira ao cabrito enviado ao deserto. Essa é a interpretação sugerida tanto pela Septuaginta (a mais antiga tradução grega do AT) quanto pela Vulgata (a primeira tradução latina da Bíblia)

 

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