Texto Básico: Salmos 77
Texto Devocional: v10 Então, disse eu: isto é a minha aflição; mudou-se a destra do Altíssimo.
Introdução: Esse é um salmo de lamento pessoal, mas sua ocasião histórica não está definida. O salmo começa com a noite escura de tristeza e termina com uma descrição jubilosa dos grandes feitos de Deus.
Mostrando-nos que, mesmo andando com Deus, não somos poupados do vale escuro da tristeza. O próprio Filho de Deus, angustiado até a morte, orou no Getsêmani com forte clamor e lágrimas (Hb 5:7).
Consumido pela tristeza da alma, o salmista ora (77:1-3)
Três verdades são aqui destacadas.
Em primeiro lugar, o dia da angústia nos leva à oração (77:1). Elevo a Deus a minha voz e clamo, elevo a Deus a minha voz, para que me atenda.
A oração é o melhor expediente na hora da angústia e também o remédio mais eficaz na hora da aflição.
A dor amolece a cerviz e dobra os joelhos, mas Asafe não recorreu aos homens, e sim ao Senhor, e a ele apresentou o seu clamor. “Concordo com Spurgeon quando diz que dias de angústia devem ser dias de oração”.
Em segundo lugar, o dia da angústia nos leva a uma tristeza sem consolo (77:2). v2 No dia da minha angústia, procuro o Senhor; erguem-se as minhas mãos durante a noite e não se cansam; a minha alma recusa consolar-se.
Asafe estava profundamente angustiado, pois focar na tristeza e na angústia deixa a pessoa desanimada e desassistida de esperança. Como Jacó ao receber o manto rasgado e embebido de sangue de seu filho José recusou-se a ser consolado (Gn 37:35), a alma de Asafe também se recusa a ser consolada.
Nessas horas, como diz Spurgeon, o silêncio da noite não nos oferece repouso, a cama nos serve de tortura, o corpo fica em tormento e o espírito fica em angústia.
Em terceiro lugar, o dia da angústia nos leva ao abatimento de espírito (77:3).
v3 Lembro-me de Deus e passo a gemer; medito, e me desfalece o espírito.
As lembranças e meditações de Asafe, longe de reanimá-lo, desfalecem ainda mais o seu espírito. Ele está imerso em sua dor, ruminando seu sofrimento e atordoado pela sua tristeza. Spurgeon diz:, “aquele que é a fonte de prazer para a fé, tornou-se objeto de medo para o coração perturbado do salmista”
Perturbado pelas indagações do coração, o salmista busca a Deus (77:4-9)
Três verdades solenes são destacadas no texto.
Em primeiro lugar, quando a dor nos deixa insones e cala dos (77:4). v4 Não me deixas pregar os olhos; tão perturbado estou, que nem posso falar.
Asafe não consegue dormir nem falar — está sem sono e mudo. Há momentos em que a dor é tão grande que o sono foge e as palavras se ausentam. Nesses tempos, as noites ficam mais trevosas e engolimos nossas palavras amargas como absinto.
Em segundo lugar, quando as lembranças são nossa única âncora de esperança (77:5-6).
Olhar para o presente é mergulhar ainda mais no lago do sofrimento, e pensar no sofrimento é agravar ainda mais a dor. Por isso, Asafe começa a folhear os registros do passado.
Ele passa a pensar nos dias de outrora e traz à lembrança os anos dos tempos que se foram. Nessa meditação, ele indaga seu próprio íntimo e analisa seu próprio espírito. “ele lembra das bênçãos passadas, e sua alma irrompe em uma agonia de questionamentos. A memória de dias melhores do passado intensifica a dor do estado presente”
Em terceiro lugar, quando nossas perguntas confrontam nossa fé (77:7-9). Asafe faz seis perguntas retóricas e confronta a si mesmo com essas perguntas.
Destaca possíveis respostas às perguntas:
Rejeita o Senhor para sempre? Não! Ele é fiel à sua Palavra (Lm 3:31-33).
Acaso, não torna a ser propício? Sim! (SI 30:5; Is 60:10).
Cessou perpetuamente a sua graça? Não! (Jr 31:3).
Caducou a sua promessa para todas as gerações? Não! (1Rs 8:56).
Esqueceu-se Deus de ser benigno? Não! (Is 49:14-18).
Na sua ira, terá reprimido as suas misericórdias? Não! (Lm 3:22-24).
“Quando estamos em trevas, não devemos jamais duvidar daquilo que Deus nos disse na luz”
Encorajado pelas lembranças da mente (77:10-15)
Derek Kidner diz que o versículo 10 é o ponto crucial desse salmo, pois é a chave da virada do salmista. Warren Wiersbe tem razão em dizer que, quando olhamos para as circunstâncias, concentramo-nos em nós mesmos e não vemos esperança nenhuma, mas quando, pela fé, olhamos para o Senhor, as circunstâncias talvez não se alterem, mas nós somos transformados.
Destacamos, aqui, algumas verdades importantes.
Em primeiro lugar, o encorajamento vem quando fazemos um diagnóstico da nossa crise (77:10).
v10 Então, disse eu: isto é a minha aflição; mudou-se a destra do Altíssimo.
Até aqui, Asafe estava voltado para si mesmo, imerso em sua tristeza, fazendo seus lamentos e dando vazão à sua dor, mas agora ele faz um claro diagnóstico do problema, reconhece que não é o centro do universo e volta-se para Deus.
Em outras palavras, ele deixa de olhar para si e para as circunstâncias e volta seu olhar para Deus, deixa de olhar para dentro e passa a olhar para o alto, e começa aqui a virada de sua vida.
Nas palavras de Purkiser, “o salmista começa a tirar a atenção de si mesmo e voltar-se ao Salvador, e encontra na memória da fidelidade passada a fé para o cumprimento futuro
Em segundo lugar, o encorajamento vem quando tiramos os olhos de nós mesmos e das circunstâncias e os colocamos no Senhor (77:11-15).
Purkiser tem razão em dizer que a única saída do fundo do poço é para cima, e dessas profundezas de dúvidas o salmista começa sua ascensão.
Spurgeon diz que o salmista alça voos dos tumultos da vida para as grandezas da história para os sublimes atos do Senhor dos Exércitos, porque ele é o mesmo e está pronto para defender os seus servos como nos dias de outrora. Sobre isso, algumas verdades importantes devem ser aqui destacadas:
Primeira, encontramos encorajamento quando alimentamos nossa mente com os grandes feitos de Deus do passado (77:11), pois o Deus que fez é o Deus que faz, ou seja, os feitos de Deus são uma prova incontestável de seu amor e poder; resumindo, as lembranças do passado são nosso alicerce no presente e nosso mirante do futuro.
Segunda, encontramos encorajamento quando meditamos nos prodígios divinos (77:12), uma vez que os milagres divinos são uma prova incontroversa de seu poder de interferir no curso da história e virar a mesa em favor do seu povo, pois ele realiza o imponderável, faz o impossível e executa o seu soberano querer.
Terceira, encontramos encorajamento quando refletimos sobre a santidade e a onipotência divina (77:13). O caminho de Deus é o caminho da santidade e seu poder é incomparável, por isso meditar nos atributos de Deus traz alento para o enfrentamento das grandes lutas da vida.
Quarta, encontramos encorajamento quando pensamos nas maravilhas divinas operadas entre os povos (77:14). Os deuses das nações não passam de ídolos e são desprovidos de Deus, mas o nosso Deus opera maravilhas e tem feito notório o seu nome entre os povos.
Quinta, encontramos encorajamento quando relembramos como Deus redimiu o seu povo (77:15). Deus tirou Israel com mão forte e poderosa da amarga escravidão do Egito; já os filhos de Jacó foram arrancados da fornalha da aflição; e esses são apenas algumas das diversas obras realizadas pelo Senhor.
Confiante pelos grandes feitos redentores de Deus (77:16-20)
Destacamos duas verdades importantes aqui.
Em primeiro lugar, Deus agiu salvando seu povo da escravidão (77:16-19). Asafe passa a relatar, com linguagem poética e majestosa, o grande livramento do povo de Israel na travessia do mar Vermelho.
Depois de saírem do Egito, chegaram ao mar. As montanhas ao redor deles, o exército de Faraó atrás deles e pela frente o intransponível mar. O que fazer? Encurralados pela morte, Deus abriu-lhes um caminho no meio do mar.
As águas viram a Deus e temeram.
Os abismos se abalaram. As nuvens grossas e pejadas de chuva se desfizeram em água. Os raios fuzilaram desde as alturas, cruzando os céus de um lado para o outro. O trovão ribombou ecoando por toda a redondeza e os relâmpagos luzidios, alumiaram o mundo. A terra se abalou e tremou como que num grande abalo sísmico.
Então, Deus feriu as águas do mar Vermelho e abriu um caminho para o povo de Israel passar a pé enxuto e depois deu ordem às águas para fecharem o caminho e tragar o exército de Faraó — em outras palavras, o caminho dos hebreus tornou-se a sepultura de seus inimigos.
Em segundo lugar, Deus agiu sustentando seu povo na caminhada do deserto (77:20).
Embora Deus tenha levantado líderes como Moisés e Arão para ir à frente do povo, foi o próprio Senhor quem conduziu o povo como um pastor conduz o seu rebanho. Durante o dia, havia uma coluna de nuvem para lhes trazer refrigério e, durante a noite, uma coluna de fogo os guiava, os aquecia e os protegia (Êx 13:21-22).
Maná caiu do céu e água brotou da rocha; as roupas não envelheceram no corpo nem as sandálias nos pés; e, para fechar as maravilhas, os inimigos foram derrotados e os perigos, afastados.
Fonte: Comentários Expositivos Hagnos
Autor: Hernandes dias Lopes
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