Texto
Básico: Hebreus 7.1-4.
Texto
Devocional: Hb 5.6. como em outro lugar também diz: Tu
és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
Introdução:
Essas passagens bíblicas têm sido a causa de muitas dú vidas e inquietações no
meio da cristandade. Pois, a pessoa de Melquisedeque tem sido objeto de
muitas controvérsias por conta das declarações, alusivas a ele, nas passagens
em apreço.
A
pergunta é: Quem foi Melquisedeque? Para, responder a essa pergunta
várias soluções tem sido propostas.
a)
Melquisedeque é um personagem fictício,
b)
Melquisedeque é o próprio Senhor Jesus, pré-encamado.
c)
Melquisedeque é apenas o que a Bíblia diz que ele é: sacerdote do Deus
Altíssimo.
Explicação:
A
primeira hipótese deve ser totalmente descartada pelo simples fato da Bíblia
Sagrada fazer referência a ele como um personagem real. A primeira referência a
Melquisedeque encontra-se em Gn l4:18 e nesta passagem ele é
tratado como um personagem real.
Pois,
vêmo-lo recebendo os dízimos de Abraão. Ora, nesse caso, se Melquisedeque
fosse um personagem fictício, Abraão de igual modo também o seria. Mas
todos sabem que, tal como Melquisedeque, Abraão é um personagem
real referido tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.
Quanto
a Melquisedeque, além de Gn 14:18, há outras pas sagens na Bíblia
que confirmam a sua historicidade e a sua existência como um personagem real. (Sl
110:4; Hb 5,6-7) A segunda posição deve ser rejeitada por falta de
base bíblica e hermenêutica. Pois ao nos depararmos com um texto obscuro como
esse de Hb 7:1-4.
A
primeira regra fundamental (A Bíblia é sua própria interprete) aconselha
que: “Devemos o quanto possível, tomarmos as palavras no seu sentido usual e
comum”. Caso isso ainda não seja suficiente “devemos recorrer aos paralelos de
passagem e de ensinos gerais das Escrituras”.
Se
tomarmos essas duas regras como base, para nossa reflexão, veremos que esse
ensino acerca de Melquisedeque é insustentável à luz da Bíblia.
Pois apesar de Melquisede que ser um personagem histórico e, portanto,
real, algumas alusões feitas a ele em Hb 7:1-4, não devem ser tomadas no
sentido literal da palavra.
Por
exemplo: No texto em foco é dito que ele não tem pai,
nem mãe nem genealogia, nem princípio e nem fim de vida. Ora, o próprio Cristo,
do ponto de vista humano, teve mãe, pai adotivo, genealogia, início e fim de
vida, ao passo que do ponto de vista da sua divindade ele não tem nenhuma
dessas coisas. Pois é eterno, incriado, auto-exis-tente. Essas, por si só
bastam para descartar toda e qualquer possibilidade de Melquisedeque ser
o Senhor Jesus Cristo.
Quando
a Bíblia afirma que ele não tinha mãe, nem pai, nem genealogia, nem
inicio ou fim de vida, não devemos tomar essas palavras no sentido literal, mas
apenas entendermos que ele tinha tudo isso, mas que a Bíblia, por um
motivo específico, não registrou.
A
esse respeito diz Samuel Pérez Millos:
“Sendo
um tipo de Cristo, a palavra guarda silêncio sobre os antepassados de Melquisedeque.
Nada diz a Bíblia da procedência do rei de Salém. Sem dúvida o
silêncio é intencional e deve ser entendido no sentido próprio de uma passagem
inspirada com um determinado propósito tipológico. Ao afirmar que
Melquisedeque era “apator ametor agenealogetos ”, “sem pai, sem mãe,
sem genealogia ”, não está dizendo que não tivesse pais, nem ascendência alguma.
Muito menos, pode significar que fosse filho de um pai incógnito, nem
referir-se a um filho ilegítimo. Não há também justificação para que se entenda
como um milagre biológico, nem como uma manifestação angélica corporizada (...)
o silêncio a respeito de Melquisedeque é necessário para afirmar o
caráter perpétuo do seu sacerdócio.
Melquisedeque
tinha genealogia humana como qualquer homem, porém, sendo tipo de Cristo,
a Escritura a mantém oculta, por essa razão se lê: apator amator
agenealogetos, “Sem pai, sem mãe, sem genealogia”, não porque não a
tivesse, mas porque convém aos propósitos divinos da revelação.
O
silêncio sobre o tempo de Melquisedeque complementa também ao silêncio
genealógico: “Que não tem princípio de dias, nem fim de
vida ”. De igual modo não se deve tomar essa expressão no sentido
literal, mas como um dado que a Escritura não revela.
“As
Escrituras não explicam as frases “sem pai, sem mãe, nem genealogia”, “que não
teve princípio de dias, nem fim de existência ”, mas entende-se que esses dados
não haviam sido registra dos. Parece que este é o significado da frase “cuja
genealogia não se inclui entre eles” (v6). Se as frases forem
interpretadas no sentido de “eternidade” ou “existência eterna”, haverá
necessidade de reconhecer Melquisedeque como um personagem sobre-humano,
e este não é o desígnio de Gênesis 14. A semelhança que existe entre Melquisedeque
e o Filho de Deus é que ambos são sacerdotes, reis de paz e justiça, com
um sacerdócio permanente. Não se pode atribuir a existência eterna a Melquisedeque
no sentido absoluto”.
A
expressão “feito semelhante ao Filho de Deus tem dado margem para alguns
pensarem que Melquisedeque era uma manifestação de Cristo. Mas
essa expressão “não permite considerá-lo como uma teofania, isto é, a manifestação
personificada da segunda pessoa divina, no Antigo Testamento, já que Melquisedeque
foi, como se afirma, feito semelhante ao Filho de Deus” (...)
A
semelhança na Escritura entre Melquisedeque e Cristo, tem a ver
com a expressão “sem princípio de dias, nem fim de vida”. O escritor está
enfatizando a natureza do Filho de Deus, que sendo divina é, portanto,
sem origem.
Jesus
Cristo é sem princípio de dias, no plano de sua pessoa
divina, portanto antecede a Abraão (Jo 8:58) e anterior também a Melquisedeque,
contemporâneo de Abraão. Este é o objetivo principal do escritor ao se
referir à semelhança entre Melquisedeque e Jesus”. (Hebreos- pg
363-365).
Concluímos:
Com base nessas explicações concluímos que tudo que se diz acerca de Melquisedeque
tem como objetivo mostrar o seu caráter tipológico em relação a Jesus Cristo.
Jesus
Cristo é o único sucessor do sacerdócio de Melquisedeque,
feito sacerdote não segundo a ordem de Arão, que teve vários sucessores,
mas segundo a ordem de Melquisedeque a qual permanece para sempre na
pessoa de Jesus Cristo que ressuscitou e vive para interceder.
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