Texto
Básico: Salmos 24.
Texto
Devocional: Isaías 63.1. Quem é este que vem de Edom,
de Bozra, com vestes de vivas cores, que é glorioso em sua vestidura, que
marcha na plenitude da sua força? Sou eu que falo em justiça, poderoso para
salvar.
Introdução:
Davi descreveu com cores fortes a cruz do Salvador, “o bom
pastor no salmo 22”, o cuidado do “grande pastor no salmo
23”, e agora, no salmo 24, apresenta-nos “a coroa do supremo
pastor”.
Nessa
belíssima trilogia, o salmista vai da agonia do Calvário à exultação da
entrada triunfal do Cristo vitorioso nos campos celestiais. Nas palavras
de Charles Spurgeon, “no salmo 22 Davi tocou notas tristes, no salmo
23 notas de paz, mas no salmo 24 apresentou melodias majestosas e
triunfantes”.
Curiosidade
do Salmos 24: O salmo 24 é uma bela peça litúrgica,
e mui provavelmente esse hino sacro foi escrito para ser cantado quando a arca
da aliança foi tirada da casa de Obede-Edom para ser colocada atrás das
cortinas no monte Sião (2Sm 6; lCr 15:1-16:3).
As
palavras são adequadas para a dança sagrada da alegria, na qual Davi conduziu o
séquito naquela ocasião jubilosa. Os olhos do salmista olhavam, porém, mais
além da subida típica da arca — olhavam para a ascensão sublime do Rei da
Glória.
Outros
escritores relacionam esse cântico com a entrada do Senhor em Jerusalém
no Domingo de Ramos, um certo estudioso disse: que esse salmo é uma
expressão profética da ascensão de Cristo depois da sua vitória sobre a morte e
o pecado (24:8; Cl 2:15; Hb 2:14,15) e sua soberania final sobre tudo (24:10;
Tg 2:1; Ap 5:11- 14; 17:14).
Três
verdades centrais são destacadas por Davi no salmo em apreço:
1.
Os
atributos daquele que é adorado (24:1-2),
2.
Os
atributos daqueles que são adoradores (24:3-6)
3.
E a entrada
apoteótica do Senhor dos Exércitos, o vencedor invicto, na Jerusalém
celeste (24:7-10).
I
- Os atributos daquele que é adorado (24:1,2)
Davi,
inspirado pelo Espírito Santo, declarou que esse Deus que é
adorado não é apenas o Deus de Israel, isto é, Ele não é uma
divindade tribal. Ele, sendo o Criador do universo e o sustentador do
mundo, é o Deus de todos os povos e o dono de todas as coisas, em toda a
terra. Nas palavras de Allan Harman, “o salmo se abre com uma afirmação da
soberania do Senhor sobre todas as coisas”. Vejamos:
Em
primeiro lugar, o Senhor é o dono absoluto
de toda as coisas (24:1a). “Ao Senhor pertence a terra
e tudo o que nela se contém...” Deus é o proprietário titular de
tudo o que existe.
A
terra e suas riquezas minerais; a terra e todos os víveres; a terra e todas as
plantas (Ex 19:5; Gn 14:19,22). Todo o ser volátil que enche os ares, os seres
aquáticos que povoam os mares e rios, e todos os seres terrestres que estão
pelos campos e florestas pertencem ao Senhor.
E
digno de nota, ainda, que a terra é o teatro do uni verso, pois nela o Senhor
demonstrou o seu amor por meio do maior drama de todos os tempos. O Senhor escolheu
um planeta, um povo e uma terra para enviar seu Filho para morrer, ressuscitar
e, assim, salvar o seu povo de seus pecados.
Em
segundo lugar, o Senhor é o dono absoluto de
todas os seres humanos (24:1b). “[...] o mundo e os que
nele habitam.” O povo de Israel imaginava, equivocadamente, que
apenas eles eram o povo escolhido de Deus, porém Davi é
categórico em afirmar que todas as pessoas que habitam no mundo, em todos os
lugares, de todos os tempos, per tencem ao Senhor. Ele não é Deus
apenas dos hebreus, mas também dos gentios, e não só a terra é de Deus, mas também
as pessoas que habitam no mundo inteiro. Tudo pertence a Deus. Todos
pertencem a Deus. Não somos de nós mesmos.
Spurgeon,
nessa mesma linha de pensamento, diz que o termo “mundo” indica as regiões
habitáveis, nas quais o Senhor será especialmente reconhecido como
Soberano. O Senhor é o Rei do universo, e todas as
nações estão sob o seu controle, pois Ele é o verdadeiro Autocrata
de todas as nações. Os imperadores e cezares não passam de seus escravos; nem
os homens são de si mesmos. Não pertencemos ao mundo ou a Satanás, mas,
pela criação e redenção, somos a porção peculiar do Senhor.
Em
terceiro lugar, o Senhor reivindica o
direito de posse da terra porque ele a criou e a sustenta (24:2). “Fundou-a ele sobre os mares e sobre as correntes a
estabeleceu.” Charles Spurgeon diz, corretamente, que esse versículo
apresenta por que o mundo pertence a Deus, ou seja, por que ele o criou.
E Deus que ergue a terra do mar, de forma que a terra seca, que de um
momento para o outro pode ser submersa, como aconteceu nos dias de Noé,
seja guardada das inun dações (Gn 1:9,10; 2Pe 3:5).
As
mandíbulas famintas do oceano devorariam a terra seca se não houvesse uma ordem
constante do Onipotente para protegê-la. Além disso, a criação e a providência
são os dois selos legais colocados nos títulos de propriedade do grande Dono de
todas as coisas.
II
- Os atributos daqueles que adoram (24:3-6)
Davi
faz uma transição daquele que é adorado para aqueles que adoram, e, depois de
descrever os atributos do Senhor, passa a elencar as marcas dos
adoradores. Vejamos.
Em
primeiro lugar, o adorador é aquele que se
aproxima de Deus com reverência (24:3). “Quem
subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar?” Adorar
a Deus é o fim principal do homem (1 Co 10:31).
Adorar
a Deus é subir à sua presença, permanecer no seu
santo lugar, contemplar a face do Onipotente e delei tar-se nele. E
desistir de todas as glórias do mundo para ser envolvido e tragado pela maior
de todas as alegrias, a alegria de amá-lo, frui-lo e estar em sua presença,
onde existe plenitude de alegria e delícias perpetuamente.
Em
segundo lugar:
o
adorador é aquele que orna sua vida com excelências morais (24:4). “O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a
sua alma à falsidade, nem jura dolosamente.” Pureza de ação e pureza de
desejo são ambas requeridas no culto, diz Allan Harman. As mãos representam
aquilo que a pessoa faz, mas o coração apresenta aquilo que a pessoa é. Sobre
isso, há quatro coisas dignas de nota aqui.
Primeira,
o adorador deve ser limpo de mãos, e mãos limpas referem-se a uma
conduta íntegra (Is 1:15,16,18). Os que eram cerimonialmente impuros não
podiam entrar na casa do Senhor.
De
igual modo, os moralmente imundos não podem ter comunhão com o Deus santo.
As obras do adorador precisam ser avalistas de suas palavras, e suas obras
devem ser um reflexo de seu coração. Mesmo o homem não sendo salvo pelas obras,
evidencia sua salvação pelas suas obras, pois o que ele faz é uma evidência de
quem ele é.
Segunda,
o adorador deve ter coração puro. Coração puro refere-se a motivações e
caráter piedosos (Mt 5:8), pois não basta fazer coisas boas; é preciso
ter a motivação certa. As mãos podem esconder as motivações do coração, mas
Deus requer verdade no íntimo, tendo em vista que só os puros de coração
verão Deus (Mt 5:8).
Terceira,
o adorador não entrega sua alma à falsidade. A palavra “falsidade”
é traduzida também por “vaidade”, aquilo que é transitório, falso,
irreal ou pecaminoso, e pode chegar a designar falsos deuses, ou seja, adoração
de ídolos e coisas desprezíveis. O adorador busca as coisas lá do alto,
deleita-se nas coisas de Deus em vez de amar o mundo e conformar-se com
ele. O adorador não se prostra diante dos ídolos do mundo, tampouco entrega sua
alma à falsi dade, porque antes entregou-a a Deus.
Quarta,
o adorador não jura dolosamente. Jurar dolosa mente significa todo tipo
de dissimulação, especialmente o falso testemunho num tribunal. O adorador não
com pactua com a mentira e também não aceita suborno para escamotear a verdade.
Suas
palavras são confiáveis, e ele jamais empenha sua palavra para enganar, trair e
condenar o inocente ou inocentar o culpado. Spurgeon está certo quando
diz que a palavra do cristão é o próprio juramento.
As
palavras falsas fecham o céu para o homem, pois o mentiroso não entrará na casa
de Deus, sejam quais forem as suas confissões ou ações. Deus não
terá nada a fazer com os mentirosos, exceto lançá-los no lago de fogo, pois
todo mentiroso é filho do Diabo e será enviado à casa do seu pai.
A
declaração falsa, a expressão fraudulenta, a história forjada, a difamação, a
mentira podem ser adequadas nas reuniões dos ímpios, mas são detestadas entre
os verdadeiros santos.
Em
terceiro lugar, o adorador é aquele que encontra
o agrado de Deus (24:5). “Este obterá do Senhor
a bênção e a justiça do Deus da sua salvação.” O adorador busca a Deus
e o encontra, e, ao encontrá-lo, recebe dele sua bênção e sua salvação.
O
mesmo Deus que abençoa é o que justifica; o mesmo que nos
cerca com suas benesses temporais e terrenas também nos declara justos diante
de seu tribunal e nos veste com o linho finíssimo de sua justiça, dando-nos
salvação eterna.
Em
quarto lugar, o adorador é aquele que faz parte
do povo escolhido de Deus (24:6). “Tal é a
geração dos que o buscam, dos que buscam a face do Deus de Jacó.” O adorador
antes de buscar a Deus foi atraído pelo próprio Deus com acorde
de amor. Faz parte do povo escolhido. E ovelha do bom pastor. Enquanto uma
geração volta as costas para Deus para rejeitá-lo, o adorador faz parte
da geração que busca a Deus, o Deus da graça, o Deus de Jacó.
III
- A marcha vitoriosa do Rei da Glória, digno de toda a adoração (24:7-10)
Destacamos
três verdades sublimes sobre esse ponto.
Em
primeiro lugar, a marcha triunfal do Rei da
Glória (24:7,9). “Levantai-vos, ó portas, as vossas
cabeças; levan tai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória.”
Depois
de descrever o sofrimento do Messias (Sl 22), seu cuidado pelo
seu rebanho (Sl 23), agora vemos a volta triunfal do Messias para
o céu e sua aclamação arrebatadora como Rei da Glória. Ele desceu da
glória e encarnou-se, esvaziou-se a si mesmo e assumiu a forma de servo, e
também se humilhou até a morte, e morte de cruz.
Mas
ele ressuscitou, ascendeu ao céu e foi aclamado como o Rei da Glória.. Derek
Kidner diz que, se a terra é Dele (24:1-2), e se Ele é Santo
(24:3-6), a interpelação aos “portais eternos” não é um exercício
cerimonial, mas um brado de guerra para a igreja. Purkiser diz que as portas
são aqui personificadas, e roga-se a elas que se abram em dignidade e
reverência para a entrada do Rei da Glória.
Em
segundo lugar, o título majestático do Rei da
Glória (24:8). “Quem é o Rei da Glória? O Senhor,
forte e pode roso, o Senhor, poderoso nas batalhas.”
O
Rei da Glória não é encontrado entre os homens
mais ricos e poderosos deste mundo. Nem mesmo é achado entre as mais exaltadas
hostes angelicais. O Rei da Glória é o eterno Filho de Deus, o Criador
do mundo, o dono da terra e tudo quanto nela há.
O
Rei da Glória é aquele que, para salvar o seu
povo, deu sua vida, verteu seu sangue e ressuscitou. O Rei da Glória é
aquele que venceu o mundo, o pecado e o Diabo e expôs os principados e
potestades ao desprezo. O Rei da Glória é aquele que conquistou para nós
eterna redenção e retornou para o céu, como o vencedor invicto em todas as
batalhas.
Em
terceiro lugar, o séquito vitorioso do Rei da
Glória (24:10). “Quem é esse Rei da Glória? O
Senhor dos Exércitos, ele é o Rei da Glória.” O Rei da Glória é
também o Senhor dos Exércitos. Ele é maior do que qualquer inimigo que
possa se levantar contra Ele: é o comandante chefe de todas as hostes
celestiais e também o supremo comandante de todas as ordens angelicais.
Nas
palavras de Purkiser, “ele é o Capitão tanto dos exércitos de Israel
como de todos os exércitos celestiais, o supremo Governador do
universo”. Ao entrar nos páramos celestiais, os anjos se prostram e o adoram
com efusiva alegria e arrebatador entusiasmo.
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