Texto Básico: Salmos 31.
Texto Devocional: Salmos 31.24. Esforçai-vos, e ele fortalecerá o vosso coração, vós
todos os que esperais no Senhor.
Introdução: Este
salmo enfatiza a confiança (“se refugiar”) no Senhor, por mais difíceis
que sejam as circunstâncias (v1,6,14,19). Davi estava cercado de tramas veladas
e de conspirações perversas (v 8,13,15,18,20), e tudo parecia opor-se a
ele. Até mesmo seus melhores amigos e vizinhos não queriam ser vistos com
ele (v11-13), e havia “terror por todos os lados” (v. 13).
A referência a uma “cidade
sitiada”, no versículo 21, levou alguns estudiosos a relacionar essa
situação instável à experiência de Davi em Queila (1 Sm 23:1-15)
ou, possivelmente, em Ziclague (1 Sm 30).
Porém, tudo indica que a situação
descrita no salmo mostra uma correspondência maior com o que se passou durante
a rebelião liderada por Absalão (2 Sm 15 - 18).
Ao longo de vários meses, Absalão
liderou uma campanha contra o pai para tirá-lo do trono, e até mesmo Aitofel,
o conselheiro mais sábio de Davi, desertou o rei e se juntou a Absalão.
Davi tinha poder para reprimir a
todos com mão de ferro, e estabelecer a paz do seu governo, diferente do rei Jeorão
que logo se fortaleceu no reino de seu pai, e matou à espada todos os seus irmãos
e alguns líderes de Israel eliminando assim a concorrência ao trono 2
Cr 21.4, mas morreu sem deixar saudades 2 Cr 21.20. Jeorão era da
idade de trinta e dois anos quando começou a reinar e reinou oito anos em
Jerusalém. E partiu para sempre sem deixar de si qualquer lamentação ou
saudade, e foi sepultado na Cidade de Davi, mas não nos túmulos dos reis.
As palavras “conspirando
contra mim” (v. 13) lembram a reunião registrada em 2 Samuel 1 7. Se
considerarmos a expressão “cidade sitiada” literalmente, é possível que
se refira a Jerusalém.
1. Quando os outros
praticarem o mal, confie que Deus lhe dará forças.
Salmos 31.1-8.
Os três primeiros
versículos são citados em Salmos 71:1-3, um salmo sem título
provavelmente escrito por Davi. O salmista declara sua confiança no
Senhor e pede que Deus o livre e o defenda com base em sua justiça
divina.
"Não fará justiça o Juiz de
toda a terra?" (Gn 18:25).
Como o Deus justo pode permitir
que os perversos prosperem e derrubem seu rei ungido? Um golpe desses
traria vergonha a Davi, fato que ele repete no versículo 17. Como
de costume, Davi suplica para que Deus interfira sem demora (69:17;
70:1, 5; 71:12; 141:1; 143:7) e que seja para ele uma rocha e uma fortaleza
(ver 18:1-3). Além da proteção de Deus, Davi também precisa de
sua orientação para evitar as armadilhas que o inimigo lhe preparou.
Ele declara sua fé dizendo: “Tu
és a minha fortaleza” (v. 4), pois sua própria força já havia falhado (v.
10). Sua oração de entrega no versículo 5 é citada por Jesus na cruz (Lc
23:46; ver At 7:59).
Pedro também toma essa ideia
emprestada (1 Pe 4:19. Portanto, aqueles que
padecem de acordo com a vontade de Deus devem confiar sua vida a seu fiel
Criador e seguir praticando o bem.) e usa o termo “encomendar,
que significa” “depositar, confiar à proteção, como quem coloca dinheiro num
banco”.
A mão do inimigo estava contra Davi (v 8, 15),
mas ele sabia que estava seguro na mão de Deus (ver Jo 10:27-30). O Deus
da verdade cumpriria suas promessas. Seus inimigos eram idólatras e não criam
no Deus vivo, mas sim em “ídolos vãos”. Observe a repetição da declaração “confio
no Senhor” (v. 6, 14).
O verbo confiar significa depender
de algo/alguém,
escorar-se. Jonas citou o versículo 6 deste salmo enquanto orava dentro
do grande peixe (Jn 2:8. Aqueles que acreditam em ídolos inúteis afastam de si a
verdadeira, piedosa benevolência). Em sua misericórdia, Deus livrou
Davi de muitos lugares perigosos, e Davi sabia que podia confiar em Deus
outra vez, o que lhe era motivo de alegria.
Como havia feito no passado, Deus o
livraria de “um aperto” e permitiria que permanecesse num “lugar
espaçoso” (v. 8; ver 18:19, 36; 4:1). As tribulações e sua fé em Deus
cooperariam para seu crescimento.
2. Quando os outros o fizeram
sofrer, peça pela misericórdia de Deus. Salmos 31.9-18.
Davi orou: “tu és a minha
fortaleza” (v. 4), mas nesse momento declara: “tu és o meu Deus” (v.
14) e pede que o Senhor lhe conceda a misericórdia da qual necessita
encarecidamente (v. 16).
Ao observarmos o vocabulário que Davi
emprega para descrever sua terrível situação, podemos entender bem sua
necessidade de misericórdia. Estava cheio de tristeza profunda e
suspirava; suas forças físicas estavam falhando, e até seus ossos enfraqueciam.
Sua alma e seu ser interior encontravam-se angustiados pelo sofrimento que
outros lhe causavam.
Além da angústia física e
emocional, havia ainda a forma de o povo tratá-lo (v. 11-13). Seus inimigos
espalharam mentiras maldosas a seu respeito, calúnias que o povo julgava serem
verdades. Sem dúvida, essas mentiras propagaram-se rapidamente, e os amigos e
vizinhos de Davi também acreditaram.
A expressão “terror por todos os
lados” (v. 13) é usada seis vezes pelo profeta Jeremias (6:25; 20:3,10;
46:5; 49:29; Lm 2:22). No tempo de Davi, a desestruturação do governo e
o exílio do rei enchiam o povo de medo e faziam rumores de todo tipo se
espalharem pela terra.
3. Quando os outros virem a
vitória, Dê toda a Glória a Deus. Salmos 31.19-24.
O rosto do Senhor resplandeceu
sobre Davi
(Nm 6:22-27), e, apesar de ele ter sofrido severa disciplina de Deus, não
foi abandonado. Davi sabia que o Senhor tinha um suprimento de bondade
reservado para ele (ver 21:3) e que suas misericórdias nunca
falhariam. Ao longo de todas as circunstâncias trágicas da revolta de Absalão,
Deus havia protegido Davi do perigo.
Estava tão seguro quanto alguém
escondido no Santo dos Santos. Quanto às conspirações dos
inimigos e as mentiras que espalharam sobre o rei, o Senhor também cuidou disso
e revelou a verdade ao povo. A bondade extraordinária e a misericórdia
maravilhosa de Deus eram tudo de que Davi precisava para
atravessar a tempestade e sobreviver, a fim de liderar seu povo.
No entanto, é possível que, a certa
altura dos acontecimentos, Davi tenha sentido vontade de desistir: “Eu
disse na minha pressa: estou excluído da tua presença!” (v. 22; ver
também 30:6). Não foi o inimigo que o assustou, mas a ideia de ter sido
abandonado pelo Deus no qual ele confiava e ao qual servia.
Davi encorajou
o povo a amar o Senhor e a depositar nele sua esperança. A fé, a
esperança e o amor sempre andam juntos (1 Co 13:13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade,
estas três; mas a maior destas é a caridade). Quando cremos no Senhor,
ele coloca à nossa disposição a coragem e a força de que precisamos nas
tribulações da vida. Não devemos deixar de lhe dar toda a glória.
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