Introdução:
A ênfase do Salmo 105 é sobre o êxodo de Israel do Egito,
enquanto o Salmo 106 enfatiza o cuidado longânimo de Deus para
com seu povo. Este salmo concentra-se na redenção oferecida pelo Senhor
a sua nação que se encontra no cativeiro babilônio (vv. 2-3). Apesar de as
circunstâncias descritas neste salmo não serem incomuns, aplicam-se de
maneira mais específica àquilo que o povo de Israel teve de suportar no
cativeiro.
O
salmista descreve a situação do povo: observe os
termos que descrevem a situação do povo: “mão do inimigo” e “adversidade”
(vv. 2, 39), “angústia e tribulações” (vv. 6, 13, 19, 28), “aflição”
(vv. 10, 17), “trabalho” (v. 12), “opressão” (vv. 39, 41) e “sofrimento”
(v. 39).
1.
Quando se perde o rumo: (107.4-9)
Era
uma viagem longa da Babilônia a Judá, e não faltavam perigos pelo
caminho, mas o Senhor levou seu povo de volta para casa em segurança (Ed
1 - 2; Is 41:14-20; 43:1-21).
Em
meio a sua necessidade, o povo clamou ao Senhor (vv. 6, 13, 1 9, 28) e
ele os tirou do cativeiro, guiou pelo deserto e os levou para sua terra, onde
encontraram cidades para habitar. Durante a jornada, Deus lhes proveu
água e comida (ver Lc 1:53; Jr 31:25). Sem dúvida, desejariam dar
graças ao Senhor por tudo o que ele havia feito por eles (vv. 8, 15, 21,
31).
2.
Quando se perde a liberdade (107.10-16)
Essas
pessoas estavam presas (vv. 10, 14, 1 7), pois haviam se rebelado contra o Senhor;
uma boa descrição do povo de Judá exilado na Babilônia (2 Cr
36:15-23). Haviam transgredido a aliança com o Senhor, e ele teve de
discipliná-los (Lv 26:33; Dt 28:47-48).
Deus
usou Ciro, um rei pagão, para libertar seu povo (Is 45:1-7;
observar também 45:2 e 107:16). Todo aquele que rejeita a mensagem de
vida oferecida por Deus em Cristo é prisioneiro do pecado, e
somente Jesus pode conceder a liberdade (Lc 1:79; 4:1 8ss).
3.
Quando se perde a saúde (107.17-22)
Mais
uma vez, vemos insensatos rebeldes que desobedeceram deliberadamente à lei de Deus
e sofreram as consequências de sua insensatez. As “portas da morte” (v.
18) levavam ao sheol, o reino dos mortos (9:13; Jó 1 7:16; 38:1 7; Is
38:10).
O
Senhor ouviu seus clamores e os deteve nessas portas, permitindo que
vivessem. Não mereciam essa bênção, mas assim é a misericórdia do Senhor.
Nas Escrituras, a enfermidade é usada com frequência como retrato do pecado e
de suas consequências dolorosas, mas nem toda doença é decorrente de algum
pecado (Jo 9:1-3; 2 Co 12:7-10).
Uma
vez que o Senhor curou esses rebeldes arrependidos, deveriam louvá-lo,
entoar-lhe cânticos e levar suas ofertas de ação de graças. No versículo 20,
a Palavra de Deus é comparada a um remédio administrado por Deus
para curar essa gente.
Isso
nos traz à memória as três pessoas que Jesus curou á distância: o
servo do centurião (Mt 8:5-13), a menina endemoninhada (Mt 15:21-28)
e o filho do oficial do rei (Jo 4:46-54).
4.
Quando se perde a esperança (107-23-32)
Para
os exilados, estar longe de casa e vivendo no cativeiro da Babilônia
era como estar numa embarcação em meio a uma tempestade terrível (ver Is
54:11). O povo de Israel não era tão ligado ao mar como os fenícios,
mas, ainda assim, Salomão promoveu um comércio marítimo bastante
rentável (1 Rs 9:26-27).
Nas
duas imagens anteriores (vv. 10-22), as pessoas ficaram em dificuldades porque
haviam pecado contra o Senhor, mas esses marinheiros não causaram a
tempestade que quase os afogou. Trata-se de uma das descrições mais intensas
de uma tempestade em alto-mar encontrada em qualquer obra da literatura.
A
tripulação havia usado, sem qualquer sucesso, todos os recursos que conhecia
para salvar o navio e, por fim, clamaram ao Senhor pedindo socorro.
Ele
não apenas acalmou a tempestade (ver Lc 8:22-25), como também os guiou
até o porto certo (Jo 6:21). Esse livramento maravilhoso deveria levar
os marinheiros a agradecer ao Senhor pessoalmente, a exaltá-lo no culto
no santuário e a dar testemunho aos líderes do povo.
As
ações de graças vão se propagando! Aos olhos de Deus, não existem
situações desesperadoras, pois ele pode fazer o impossível. Ninguém além da
tripulação e do Senhor testemunhou o milagre, de modo que cabia aos
marinheiros agradecidos proclamar esse grande feito de Deus e dar glória
ao Senhor.
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