SALMOS 25 - NÃO PODEMOS FAZER NADA SOZINHOS

 


Não podemos fazer nada sozinhos


Texto Básico: Salmos 25.

Texto Devocional: João 15.5. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.


Introdução: Este salmo retrata a vida como uma jornada difícil que não podemos completar com sucesso por nossa própria conta. O termo “caminho” é usado quatro vezes (v. 4,8,9,12), e a palavra “veredas” aparece uma vez (v. 10) nesse texto, em que encontramos o salmista clamando a Deus por sabedoria ao ter de tomar decisões (v. 4,5).


Está cercado de inimigos (v. 2) que o odeiam (v. 19), que preparam armadilhas para ele (v. 15) e que desejam que fracasse e seja envergonhado (v2,3,20). O salmista sabe que é pecador e que não merece a ajuda de Deus (v7,11,18), mas confia na bondade e na misericórdia do Senhor.


Como escreve o psicólogo M. Scott Peck: “Uma vez que sabemos, de fato, que a vida é difícil - uma vez que, verdadeiramente, compreendemos e aceitamos isso - ela deixa de sê-lo”. Davi sabia que o caminho da vida não era fácil, mas foi bem-sucedido em sua jornada, pois se apegou a três certezas inabaláveis.


Quais são elas?


1. A ajuda de que precisamos vem de Deus. Sl 25.1-7.

2. Nosso Deus é confiável. Sl 25.8-14.

3. Confiar no Senhor nos Dá a vitória. Sl 15.15-22.


1. A ajuda de que precisamos vem de Deus. Sl 25.1-7.


Outras pessoas podem elevar sua alma a ídolos (24:4 Faze-me, Senhor, conhecer os teus caminhos, ensina-me as tuas veredas), que não passam de substitutos manufaturados para Deus, mas Davi eleva sua alma para o Senhor, pois ele é a única fonte verdadeira de ânimo.


Num dos momentos mais sombrios de sua vida, quando Davi havia perdido tudo, ele “Davi muito se angustiou, pois o povo falava de apedrejá-lo, porque todos estavam em amargura, cada um por causa de seus filhos e de suas filhas; porém Davi se reanimou no Senhor, seu Deus. (1 Sm 30:6).


Alguém disse bem: “Quando a situação a seu redor é desanimadora, tente olhar para o alto”. Davi afirma sua fé em Deus e o desejo de glorificar o nome do Senhor.


Davi não quer fracassar e envergonhar o nome do Senhor. Assim, espera no Senhor, adora a Deus e, com segurança, pede sua ajuda. Precisa encarecidamente de sabedoria para tomar a decisão certa, esquivar-se de armadilhas e alcançar seu objetivo. Ao orar, Davi não apenas pede sabedoria, mas também discernimento para compreender a Palavra, pois somente assim pode aprender os caminhos de Deus e entender seu próprio caminho. A súplica, “guia-me na tua verdade”, nos lembra que a Palavra e a oração sempre andam juntas (1 Sm 12:23; Jo 15:7).


a. 1 Sm 12.23. Quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando de orar por vós; antes, vos ensinarei o caminho bom e direito.

b. Jo 15.7. Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito.


Davi está se referindo às alianças de Deus com seu povo, aos preceitos e promessas que ele lhe deu a fim de mantê-lo dentro de sua vontade para que pudesse desfrutar suas bênçãos (v.10; Todas as veredas do Senhor são misericórdia e verdade para os que guardam a sua aliança e os seus testemunhos. Dt 27 - 30).


Davi conhecia a história de Israel e sabia que Deus, em sua graça, ajudava seu povo quando clamava por ele, de modo que ora com segurança e fé. Porém, ora também com uma atitude de contrição, confessando seus pecados ao Senhor (v7, Não te lembres dos meus pecados da mocidade, nem das minhas transgressões. Lembra-te de mim, segundo a tua misericórdia, por causa da tua bondade, ó Senhor. V11 Por causa do teu nome, Senhor, perdoa a minha iniquidade, que é grande).


Está arrependido pelas vezes que, em sua juventude, deixou de obedecer e pecou e deseja ser perdoado. Ora pedindo que Deus se lembre dele “segundo a [sua] misericórdia, por causa da [sua] bondade” (v. 7) e “por causa do [seu] nome” (v. 11; ver 23:3; 31:3; 79:9; 106:8; 109:21; 143:110). “O meu socorro vem do Senhor , que fez o céu e a terra” (Sl 121:2).


2. Nosso Deus é confiável. Sl 25.8-14.


Neste ponto, Davi faz uma pausa a fim de meditar sobre o caráter do Senhor seu Deus. Afinal, por que orar ao Senhor, se ele não for digno de confiança? Mas ele é confiável! Em primeiro lugar, ele é “bom e reto”, e aquilo que faz e diz é sempre certo.


Se nos sujeitarmos a ele com mansidão, o Senhor nos ensinará seus caminhos, mas se formos arrogantes, ele se calará. No Novo Testamento, o termo “manso” descreve um cavalo domado, um medicamento ou um vento refrescante num dia quente.


Mansidão não é o mesmo que fraqueza; é poder sob controle. Podemos crer que Deus guiará aqueles que obedecem à sua Palavra (v. 10), pois o desejo de obedecer é o primeiro passo para o conhecimento Jo 7:17 Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo.


Podemos confiar que Deus usará de misericórdia e graça para com aqueles que se arrependem (v. 11 Por causa do teu nome, Senhor,

perdoa a minha iniquidade, que é grande), mas devemos caminhar no temor do Senhor, pois “Ao homem que teme ao Senhor, ele o instruirá no caminho que deve escolher” v.12).


Saber que o Senhor tem um plano para a nossa vida e que esse plano é o melhor para nós e deve ser motivo de grande alegria e de convicção ao buscarmos sua vontade (16:11; 139:13-16; Ef 2:10).


De acordo com as estipulações da aliança de Deus, aqueles que obedecem a seus preceitos recebem sua provisão e proteção, trazendo bênçãos também para a geração seguinte de sua família (Dt 4:1-14).


O termo “filhosé usado quase quarenta vezes em Deuteronômio, lembrando que nossos descendentes podem receber bênçãos resultantes de nossa obediência ou tristezas decorrentes de nossos pecados. Demonstramos nosso amor ao Senhor ao temê-lo e obedecer à sua Palavra, e, assim, ele se aproxima de nós e compartilha seus planos conosco.


A “intimidade”, no versículo 14, refere-se a uma “conversa íntima, planos e propósitos”, o tipo de relacionamento ao qual Jesus se referiu em João 15:15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer. e que Abraão experimentou em Gênesis 18:16. (ver também Jr 23:1 8, 22; Pv 3:32; Am 3:7).


Ao andarmos com o Senhor à luz da sua Palavra, desenvolvemos uma comunhão muito próxima com ele e entendemos melhor seus caminhos. Sem dúvida, podemos confiar que o Senhor nos ajudará, e, quando o fizer, será em “misericórdia e verdade”.


3. Confiar no Senhor nos Dá a vitória. Sl 15.15-22.


Davi volta a orar e diz ao Senhor quais são os fardos que estão pesando sobre ele nessa ocasião, os inimigos a seu redor e as aflições em seu coração. Por certo, não colocaria tais questões diante do Senhor se não cresse que o Senhor podia ajudá-lo! Quais foram os inimigos que Deus o ajudou a conquistar?


O perigo (v. 15). O inimigo havia colocado armadilhas em seu caminho, mas Davi confiava no Senhor para protegê-lo. Satanás é destruidor e homicida e, se pudesse, pegaria todos nós com suas armadilhas. Porém, se estamos dentro da vontade de Deus, o maligno não pode nos tocar. 1 Jo 5.18. Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca.


A solidão (v. 16). Aqueles que nunca precisaram exercer autoridade nem tomar decisões difíceis envolvendo outras pessoas por vezes não se dão conta da solidão inerente à liderança. Há ocasiões em que nossa obediência ao Senhor leva amigos e membros da família a se voltarem contra nós, causando grande sofrimento. Três dos filhos de Davi - Absalão, Amnom e Adonias - voltaram-se contra ele, como também o fez seu amigo chegado e conselheiro, Aitofel.


Um coração ferido (v.17). Se nos sentarmos sozinhos num canto e deixarmos a autocomiseração tomar conta de nós, jamais cresceremos no Senhor nem realizaremos coisas maiores para ele. As grandes dificuldades têm o poder de nos fortalecer ou de nos quebrar, de nos transformar em gigantes ou em pigmeus. Ao reler 4:1 e 18:19 e 36 vemos como Deus ajudou Davi a crescer. Deus pode curar um coração ferido se o entregarmos a ele e deixarmos que ele cuide de tudo a seu modo.


Arrependimentos (v.18). Como vimos no versículo 7, é bem possível que Davi estivesse arrependido de muitas das coisas que havia feito no passado e que esse arrependimento estivesse tirando dele sua paz e alegria. Satanás é o acusador (Ap 12:10) e deseja sempre nos lembrar de nossos pecados, mesmo quando o Senhor já os perdoou e não nos incrimina por eles (Hb 10:11-18).


Medo (w. 19,20). Não sabemos qual era a situação, mas fica claro que Davi estava com medo de morrer. Mais do que isso, porém, temia fracassar e envergonhar o nome do Deus que ele amava. Seus inimigos eram cada vez mais numerosos, e seu medo, cada vez maior, mas ele confiou que o Senhor poderia dar cabo tanto de um quanto do outro.


Desespero (w. 21, 22). “Em ti espero” também significa “Tu és a minha esperança”. Perder a esperança é o mesmo que entregar o futuro ao inimigo, o que, por sua vez, destrói o significado do presente.


Davi era um homem íntegro (7:8; 26:1, 11; 41:12; 78:72) e sincero em sua obediência ao Senhor. Não importavam as mentiras que o inimigo espalhava a seu respeito, pois Davi sabia que o Senhor via seu coração e aprovava seu caráter.


E possível que a oração, no versículo 22, tenha sido acrescentada de modo que o salmo pudesse ser usado no culto público; de qualquer forma, expressa uma verdade fundamental: jamais estamos sozinhos em nossas tribulações, pois, como membros da comunidade daqueles que creem em Deus, encorajamos uns aos outros.


Nossos irmãos e irmãs de todo o mundo também estão passando por provações (1 Pe 5:9), de modo que não estamos sós. Davi sobreviveu a suas provações e pôde escrever as palavras do Salmo 26:12: "O meu pé está firme em terreno plano; nas congregações, bendirei o Senhor" . Que possamos seguir seu exemplo



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