As dificuldades da vida sobre a sombra do Altíssimo.

 




Texto Básico: Salmos 91.

Texto Devocional: Salmos 91.14. Pois que tanto me amou, eu o livrarei; pô-lo-ei num alto retiro, porque ele conhece o meu nome.


Introdução: O Salmo 90 trata das dificuldades da vida, enquanto a ênfase deste salmo é sobre os perigos da vida. O autor anônimo (apesar de alguns estudiosos crerem que se trata de um salmo de Moisés) adverte sobre armadilhas ocultas, pragas mortais, terrores durante a noite e flechas durante o dia, tropeçar em pedras e enfrentar leões e cobras.


Os santos que permanecem em Cristo (v1,9) não podem evitar se deparar com perigos desconhecidos, mas podem escapar de suas terríveis consequências. Moisés, Davi, Paulo e inúmeros outros servos de Deus enfrentaram situações muito arriscadas enquanto faziam a vontade de Deus, e o Senhor sempre os livrou. Porém, Hebreus 11:36 adverte que “outros” foram torturados e martirizados; no entanto, sua fé era igualmente verdadeira.


Mas, em termos gerais, caminhar com o Senhor ajuda a discernir e a evitar um bocado de problemas, e é melhor sofrer dentro da vontade de Deus do que enfrentar as dificuldades decorrentes da desobediência ao Senhor (1 Pe 2:18-25).


O salmista descreve os elementos que fazem parte de uma vida de fé e vitória.


1. Fé em Deus – A vida oculta de comunhão e adoração. Sl 91.1-4.


A parte mais importante da vida do cristão é aquela que somente Deus pode ver, a “vida oculta” de comunhão e adoração simbolizada pelo Santo dos Santos no santuário do tabernáculo e do templo em Israel (Êx 25:18-22; Hb 10:19-25). Deus é nosso refúgio e fortaleza Sl 46:1 Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.


O Senhor nos esconde a fim de nos ajudar e, depois, nos manda de volta para lhe servir em meio às lutas da vida (ver 27:5; 31:19,20; 32:7; 73:27, 28; 94 :22; 142:5; Dt 32:37).


No Sl 27.5.(O Senhor nos esconde no dia da adversidade) Pois no dia da adversidade me esconderá no seu pavilhão; no recôndito do seu tabernáculo me esconderá; sobre uma rocha me elevará.

No Sl 31.19.(O Senhor demonstra a sua bondade em nos refugiar) Oh! Quão grande é a tua bondade, que guardaste para os que te temem, a qual na presença dos filhos dos homens preparaste para aqueles que em ti se refugiam! 20 No abrigo da tua presença tu os escondes das intrigas dos homens; em um pavilhão os ocultas da contenda das línguas.



Em Sl 32:7. Lembra-te dos dias da antiguidade, atenta para os anos, geração por geração; pergunta a teu pai, e ele te informará, aos teus anciãos, e eles to dirão.


O autor deste salmo tem dois “endereços”: sua tenda (v. 10) e seu Senhor (v. 1, 9). O lugar mais seguro da terra é uma sombra, se essa sombra for do Deus Todo-Poderoso. Por meio de Jesus Cristo, encontramos segurança e satisfação sob as asas dos querubins no Santo dos Santos (Sl 36:7-8; Sl 57:1; Sl 61:4;Sl 63:2,6,7).


Jesus retrata a salvação descrevendo os pintinhos se escondendo sob as asas da galinha (Mt 23:37; Lc 13:38), e o salmista apresenta a comunhão com os fiéis repousando sob as asas dos querubins no tabernáculo.


Mt 23.37. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e não o quiseste!


Lc 13.34-35. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que a ti são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta a sua ninhada debaixo das asas, e não quiseste! 35 Eis aí, abandonada vos é a vossa casa. E eu vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.


O Nome do Senhor: Os nomes de Deus usados nestes versículos nos incentivam a confiar nele. Ele é o Altíssimo (Elion; v. 1,9), nome que aparece pela primeira vez em Gênesis 14:18-20. É mais exaltado do que os reis da Terra e do que os falsos deuses das nações. Também é O Todo-Poderoso (Shaddai), o Deus que não depende de pessoa nem de coisa alguma e que é suficiente para todas as situações (ver Gn 1 7:1; 28:3 ; 35:11).


O Senhor é autossuficiente em qualquer circunstância.


Na morte, Ele é a vida.

Na tristeza, Ele é alegria.

Na angustia, Ele é a consolação.

Na solidão, Ele nos completa.

No perigo, Ele é o nosso guardião.

Na fornalha, Ele é quarto homem.

Nas trevas, Ele é a luz.

Diante do pecado, Ele é O Salvador.

Na fome, Ele é o Pão da Vida.

Na cede, Ele é a água viva. Ele é o que É, Senhor em todo o tempo, o tempo todo.


Ele é o Senhor (v2,9,14), Jeová, o Deus da aliança fiel a suas promessas. Ele é Deus (Elohim, v. 2), o Deus de poder, cuja grandeza e glória sobrepujam qualquer coisa que possamos imaginar.


Esse é o Deus que nos convida a ter comunhão com ele no Santo dos Santos! A vida oculta de adoração e de comunhão permite uma vida pública de obediência e serviço. Esse Deus nos abriga sob as asas dos querubins, mas também nos fornece a armadura espiritual de que precisamos (v.4; Ef 6:10-18).


Sua verdade e fidelidade nos protegem ao nos apropriarmos de suas promessas e obedecermos à sua Palavra (ver Gn 15:1; Dt 33:29; 2 Sm 22:3). O termo “pavês” também pode ser traduzido por “baluarte” ou “bastião”. A palavra hebraica quer dizer “rodear, envolver” e descreve uma barreira de terra ao redor de uma fortaleza.


A mensagem, porém, é clara: aqueles que habitam no Senhor permanecem seguros quando estão fazendo a vontade dele. Até que tenham completado seu trabalho, os servos de Deus são imortais (Rm 8:28-39).


2. Paz de Deus – Uma vida Protegida. Sl 91.5-13.


Não estamos sozinhos na prática da “vida oculta” de comunhão e adoração, pois Deus está conosco e nos compensa por nossas acomodações. Este parágrafo enfatiza que não precisamos temer, pois o Senhor e seus anjos nos guardam.


No antigo Oriente Médio, a menos que se tivesse a proteção de guardas armados, as viagens de modo geral eram arriscadas (o que não é muito diferente das cidades grandes nos dias de hoje). O “terror noturno” pode significar, simplesmente, “o medo do escuro” ou daquilo que pode acontecer no escuro.


Água e alimentos contaminados bem como falta de medidas apropriadas de higiene facilitavam a propagação de doenças a todo tempo, apesar de o texto referir-se à “peste que se propaga nas trevas” e da “mortandade que assola ao meio-dia” (v. 6), sendo que esta última pode ser uma referência aos efeitos dos raios abrasadores do Sol.


As Batalhas: Os versículos 7 e 8 parecem apresentar a descrição de uma batalha e podem estar diretamente relacionados às promessas da aliança que Deus fez com Israel (Lv 26:8; Dt 32:30).


Os hebreus viram com os próprios olhos a aflição dos egípcios quando seus primogênitos foram mortos na noite de Páscoa (Êx 12:29-30), assim como viram o exército egípcio morrer à beira do mar Vermelho (Êx 14:26-31), e, no entanto, nenhum mal sobreveio ao povo de Israel. O Anjo do Senhor foi adiante deles para preparar o caminho e conduzir o povo (Êx 23:20).


Satanás citou parte dos versículos 11 e 12 quando tentou Jesus no deserto (Mt 4:6), ao que Jesus respondeu com Deuteronômio 6:16.(Não tentareis o Senhor vosso Deus, como o tentastes em Massá) Se o Pai tivesse ordenado que Jesus saltasse do alto do templo, os anjos teriam guardado Jesus, mas saltar sem ordem do Pai teria sido arrogância e não fé, portanto o mesmo que tentar o Pai.


Leão e a serpente: Nas Escrituras, o leão e a serpente são figuras de Satanás (1 Pe 5:8; Gn 3; 2 Co 11:3; Ap 12:9; 20:2 e ver Lc 10:19 e Rm 16:20).No antigo Oriente, ambos eram inimigos perigosos, especialmente para os viajantes que percorriam caminhos estreitos.


3. Amor a Deus – A vida de Contentamento. Sl 91.14-16.


O Senhor falou e anunciou o que faria por aqueles de seu povo que verdadeiramente o amavam e o reconheciam por meio de uma vida de obediência. O termo traduzido por “amor” não é a palavra usada habitualmente no hebraico para expressar esse sentimento.


Antes, é um termo que expressa o ato de “apegar-se, prender-se, ser fervoroso”. É usado em Deuteronômio 7:7 e 10:15 para falar do amor de Jeová por seu povo, Israel (v Jo 14:21-24). Dentre as bênçãos prometidas, estão o livramento e a proteção (“pô-lo ei a salvo”), resposta às orações, companhia em momentos de dificuldade, honra, contentamento e uma vida longa (ver 21 :4; Êx 20:12; Dt 30:20).


A salvação mencionada no final do salmo pode significar ajuda e livramento durante a vida, como no caso de 50:23, ou a alegria de contemplar a glória de Deus depois de uma vida longa e plena.


Para os israelitas, a longevidade que permitia ver os filhos, netos e bisnetos era a maior de todas as bênçãos nesta vida. Com o Abraão, desejavam ter uma boa velhice e morrer “avançado em anos” (Gn 25:8 ),-ou seja, “uma vida satisfeita”. Uma coisa é os médicos nos ajudarem a viver mais alguns anos de vida, mas Deus tem o poder de acrescentar vida há nossos anos e de fazer essa vida valer a pena.


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