Eis que estou à porta e bato!

 



Texto Básico: Ap 3.20-21.

Texto Devocional: Ap 3.20. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele, e ele comigo.


Introdução: A origem dos hábitos alimentares do NT. As referências a alimentos e refeições no NT, especialmente nos Evangelhos, combina características das práticas grecoromanas com tradições religiosas judaicas.


I Dos hábitos greco-romanos registramos o seguinte:


Promovia encontros sociáveis e religiosos: As refeições públicas, ou banquetes, proporcionavam um importante local de encontro social e religioso, por definir e proporcionar comunhão (Mt 9.10. Ora, estando ele à mesa em casa, eis que chegaram muitos publicanos e pecadores, e se reclinaram à mesa juntamente com ele e seus discípulos).


Mt 11.19. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores. Entretanto a sabedoria é justificada por seus filhos.


Músicas e Conversas prolongadas: A refeição era seguida por um período de música ou de conversas prolongadas. A postura normal para comer era reclinado para um dos lados Lc 7.36. Um dos fariseus convidou-o para comer com ele; e entrando em casa do fariseu, reclinou-se à mesa.


Lc 22.14. E, chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos.


II A maioria das práticas alimentares que vemos nos Evangelhos, entretanto, era derivada do judaísmo. Dos ensinamentos religiosos judaicos registramos o seguinte:


A santidade dos alimentos.

A santidade dos alimentos no judaísmo era orientada pela interpretação do complexo sistema kosher (comidas preparadas de acordo com os preceitos religiosos judaicos).


Os animais aceitáveis.

Os animais aceitáveis eram aqueles que ruminavam e tinham os cascos divididos em dois. Os peixes com escamas e barbatanas e certos tipos de pássaros também eram permitidos. A Bíblia proibia determinados tipos de comidas


Consideradas pagãs.

Consideradas pagãs ou adquiridas por meios cruéis — por exemplo, o consumo de carne tomada de um animal ainda vivo ou de um animal achado morto, de sangue ou de um cabrito ou filhote cozido no leite da própria mãe.

A proibição bíblica de associação com os pecadores. (Sl 1.1; Pv 13.20; 14.7) desenvolveu-se na tradição judaica como uma advertência contra associação imprópria ou excessivamente íntima com os maus, especialmente na hora da refeição (1Co 15.33; Eclesiástico 6.7-12; 12.13-18).


Sistema levítico de pureza: As exigências do sistema levítico de pureza alimentar restringiam grandemente a possibilidade de refeições compartilhadas entre judeus e gentios.


At 10.28; e disse-lhes: Vós bem sabeis que não é lícito a um judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem devo chamar comum ou imundo;

Gl 2.12. Pois antes de chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os gentios; mas quando eles chegaram, se foi retirando e se apartava deles, temendo os que eram da circuncisão.


O extremismo Farisaico:

Os fariseus, conhecidos pela sua interpretação rigorosa das Escrituras, aplicavam à própria mesa da comunhão até mesmo as mais elevadas restrições de pureza do templo. Desse modo, tentavam fazer suas refeições num estado de pureza ritual semelhante ao dos sacerdotes, como forma de consagrar a vida a Deus.


Quem eram os Fariseus?

Fariseu” deriva de um vocábulo hebraico que significa “separado”. Denomina um grupo de judeus extremamente apegados à Tora, o livro sagrado dos judeus. Eram conhecidos como doutor da Lei Jo 3.1; Mt 22.34-40. Formavam, entre o povo judeu, uma espécie de comunidade à parte (Mt 22.15). Era a elite do povo.


III A importância das práticas alimentares do NT


Os intérpretes apresentam várias explicações para as leis alimentares judaicas. Alguns sustentam que elas foram planejadas antes de tudo por questões de higiene e de boa saúde, enquanto outros argumentam que a fuga às práticas idólatras era a razão principal das leis de purificação. Ex Dn 1.8. Daniel, porém, propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se contaminar.


Outros ainda entendem que essas leis funcionavam como simples limite artificial para lembrar os judeus de que eles eram diferentes dos gentios. A maioria dos judeus parecia acreditar que essas restrições eram uma expressão concreta e diária de santidade (Lv 11.44,45), também expressa nas refeições judaicas pelo ato de dar o dízimo de todos os meios de sustento, a recitação de bênçãos antes e depois de cada refeição (Dt 8.10; Jo 6.11; 1Co 11.24) e a observação de cada festa no calendário litúrgico por meio de comidas diferentes, preparadas de maneiras diferentes.


cumprimento das leis alimentares adquiriu novo significado na era dos macabeus, quando "muitos em Israel ficaram firmes, decididos intimamente a não comerem nada impuro.


Preferiam morrer a se contaminar com esses alimentos, profanando a Aliança sagrada" (1 Macabeus 1.62,63, Tradução da CNBB, I a- Edição). Essa realidade histórica, unida à imagem profética herdada pelo povo, conduziu ao conceito de um grande banquete messiânico, em que o justo desfrutaria a hospitalidade de Deus na era vindoura. Is 25.6-8; Mt 22.1 -10; Ap 19.9-17.


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