Salmos
07
Um
Clamor por Socorro
Texto
Básico: Salmos 7.
Texto
Devocional:
O
Salmo 7 é mais um cântico de lamentação, denominado “Sigaiom de
Davi”. Sigaiom ocorre somente neste texto no AT e em uma estrutura
diferente (“sobre Siguinote”) em Habacuque 3.1. Oração
do profeta Habacuque, à moda de sigionote.
Não
é possível definir um significado certo para esse termo, embora
possa possivelmente ser entendido como um “canto intenso e
apaixonado”. Também não se conhece nada acerca de “Cuxe,
benjamita”, que também aparece no título. E possível que
tenha sido um colaborador próximo do rei Saul que apresentou
acusações falsas de deslealdade contra Davi. “Este é o primeiro
de oito salmos tradicionalmente associados à fuga de Davi diante de
Saul”.
Os
outros salmos dessa série são: 34; 52; 54; 56; 57; 59 e 142.
Depois
de uma breve invocação (1-2), o salmista declara sua
inocência e nega qual quer má ação (3-10). Os últimos
sete versículos são menos pessoais e mais gerais. Eles tratam da
ira de Deus contra a iniquidade dos inimigos do salmista.
1.
Invocação:
Senhor,
Deus meu, confio, salva-me de todo o que me persegue, e livra-me;
2
para
que ele não me arrebate, qual leão, despedaçando-me, sem que haja
quem acuda.
Davi
confirma sua fé em Deus e ora para ser libertado dos seus cruéis
inimigos. Em ti confio (1) — no hebraico: “Em ti me
refugio” (cf. ARA). Todos os que me perseguem significa
literalmente: “aqueles que me seguem”. O pronome na
expressão para que ele (2) se refere ou a Cuxe ou a Saul. Minha alma
(nephesh) pode ser usada como referência a uma pessoa, à vida
individual ou simplesmente em lugar da primeira pessoa do singular,
“eu”.
2.
Inocência:
Senhor,
Deus meu, se eu fiz isto, se há perversidade nas minhas mãos,
4
se
paguei com o mal àquele que tinha paz comigo, ou se despojei o meu
inimigo sem causa,
5
persiga-me
o inimigo e alcance-me; calque aos pés a minha vida no chão, e
deite no pó a minha glória.
6
Ergue-te,
Senhor, na tua ira; levanta-te contra o furor dos meus inimigos;
desperta-te, meu Deus, pois tens ordenado o juízo.
7
Reúna-se
ao redor de ti a assembleia dos povos, e por cima dela remonta-te ao
alto.
8
O
Senhor julga os povos; julga-me, Senhor, de acordo com a minha
justiça e conforme a integridade que há em mim.
9
Cesse
a maldade dos ímpios, mas estabeleça-se o justo; pois tu, ó justo
Deus, provas o coração e os rins.
10
O
meu escudo está em Deus, que salva os retos de coração.
Evidentemente
sujeito a falsas acusações, Davi afirma a sua inocência. O
escritor pede que o Senhor Deus permita que ocorram as calamidades
mais horrendas contra ele se for culpado.
Se
eu fiz isto (3) refere-se a pecados (crimes) específicos dos
quais Cuxe o acusava. Além disso, o salmista defende sua inocência
de qualquer perversidade (avel, “erro moral”, “perversidade”,
“injustiça”, “maldade”).
Paguei
com mal (4) significa “pagar o bem com o mal”. Davi afirma
ter libertado aquele que sem causa o oprimia. Dois exemplos claros
disso ocorreram durante a fuga de Davi diante de Saul (1 Sm
24.1-22; 26.1-25). Persiga o inimigo a minha alma e
alcance-a (5) significa no hebraico: “Que meu inimigo me persiga
e me alcance”.
Levanta-te
[...] exalta-te [...] desperta por mim (6) é uma
oração expressa em termos de experiência humana e ação. A
justiça de Deus deve manifestar-se em forma de ira contra a maldade
persistente. Te rodeará (7) significa: “Reúnam-se ao redor de
ti” (ARA).
O
hebraico da segunda parte do versículo 7 é de difícil
interpretação. Provavelmente deveríamos visualizar a congregação
de pessoas reunidas na presença do Senhor, que está sentado acima
deles como o seu Juiz. O salmista está confiante quanto à sua
própria integridade. Ele está consciente de não ter cometido
nenhum mal que justificasse, de alguma forma, a perseguição contra
ele.
Ele
está disposto a ter o próprio Deus como seu juiz neste caso (8).
Deus, em sua justiça, prova o coração e a mente (9), ou prova os
corações e as consciências dos homens. “Deus, o justo, é o
examinador da mente e do coração” (Anchor). Coração
(kelayoth) significa “rins”. Seu uso no AT sugere ser o
equivalente hebraico do que chamamos de consciência.
3.
Indignação;
Deus
é um juiz justo, um Deus que sente indignação todos os dias.
12
Se
o homem não se arrepender, Deus afiará a sua espada; armado e teso
está o seu arco
13
já
preparou armas mortíferas, fazendo suas setas inflamadas.
14
Eis
que o mau está com dores de perversidade; concedeu a malvadez, e
dará à luz a falsidade.
15
Abre
uma cova, aprofundando-a, e cai na cova que fez.
16
A
sua malvadez recairá sobre a sua cabeça, e a sua violência descerá
sobre o seu crânio.
17
Eu
louvarei ao Senhor segundo a sua justiça, e cantarei louvores ao
nome do Senhor, o Altíssimo.
Com
exceção do último versículo, essa estrofe do salmo lida com a
iniquidade
do
homem
e a ira de Deus contra os malfeitores. Ela é expressa em termos
gerais, em vez de pessoais, como ocorreu nas primeiras duas seções.
O
objetivo da ira de Deus, embora indefinido no original, está
indubitavelmente associado às maldades das quais os homens são
culpados. Se o homem não se converter (12) significa: “Se
não se arrepender”.
O
termo hebraico shub, converter no AT, é equivalente ao
arrependimento no NT. Deixar de se arrepender vai trazer um
julgamento imediato. Deus afiará a sua espada; já está armado o
seu arco e pronto para disparar suas flechas de julgamento.
E
porá em ação as suas setas inflamadas (13) significa em
hebraico: “Ele transformará suas flechas em projéteis
inflamados”, “dardos de fogo” (Harrison). Deus, como
um Juiz-Guer-reiro usará as flechas untadas com piche e em chamas
para queimar a cidade sitiada.
Os
versículos 14-16
passam da ira de Deus para as maldades dos ímpios. Por meio de
figuras vívidas o salmista descreve as maquinações dos ímpios ao
planejarem a “malícia” (14, ARA; miséria) e “dores de
iniquidade”
(maldade, perversidade) que produzirão mentiras.
Semelhante
a um caçador negligente que cava um poço em que planeja pegar sua
presa, o perverso acabará caindo na cova que fez (15). Sua obra
(“malícia” ARA; “maldade”, NVI) preparada para os outros vai
cair sobre ele.
Sua
violência (chamas, “estrago”, “crueldade”) descerá sobre a
seu
cérebro
(“cairá
sobre a sua própria cabeça”,
NVI). Aqui está uma descrição vívida do “ricochete”, ou da
ação maligna de um bumerangue.
O
versículo 17
é uma doxologia, uma atribuição de louvor a Deus. Segundo a sua
justiça significa “por
sua justiça”.
Cantarei louvores é “cantar
salmos e cânticos”.
O louvor está muitas vezes ligado ao cantar na Bíblia.
Altíssimo
(Elyon) é usado somente na poesia pelos escritores hebreus (vinte e
uma vezes nos Salmos). Também é usado pelos não-israelitas citados
na Bíblia como um título para o Deus Supremo.
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