Texto
Básico:
O livro de Oséias.
Texto
Devocional:
Lc 17.3-4.
Versículo-chave:
Os 6.6. Pois
misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus,
mais do que holocaustos.
Introdução:
Oséias vivenciou na experiência conjugal a mensagem que proclamou.
Sua história pessoal ilustrou com profundidade o amor leal que Deus
nutre por Seu povo, a despeito da tristeza que a infidelidade produz
no coração divino.
A
história dessa traição começou 200 anos antes de Oséias, quando
o reino de Israel se dividiu e as tribos do norte, rebelando-se
contra a aliança com o Senhor, proclamaram sua independência.
Fizeram para si um rei – Jeroboão – que não era da linhagem de
Davi. E esse novo rei, para evitar as peregrinações ao templo em
Jerusalém, instituiu o culto a dois bezerros de ouro, um em Betel e
outro em Dã (1 Rs 12.25-30).
O
conselho que o rei acatou levou a ruína total: Is
30.1.
Ai
dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que tomaram conselho, mas não de
mim! E que se cobriram com uma cobertura, mas não do meu Espírito,
para acrescentarem pecado a pecado!
Como
bola de neve, que vem crescendo à medida que desce a encosta da
montanha, assim o pecado da rebeldia foi atraindo outros pecados, de
tal forma que nos dias de Oséias a situação tronara-se
insustentável. Isto é o oposto em que a palavra do Senhor:
Sl
65.4
Como
são felizes aqueles que escolhes e trazes a ti, para viverem nos
teus átrios! Transbordamos de bênçãos da tua casa, do teu santo
templo!
Certamente Israel não estava vivendo estas bençãos.
I
– Os caminhos da ruína espiritual.
Nos
dias de Oséias os israelitas haviam se tornado prósperos. No trono
estava Jeroboão
II,
filho de uma geração de reis alheios à vontade de Deus: Os
8.4.
Eles
fizeram reis, mas não por mim; constituíram príncipes, mas eu não
o soube; da sua prata e do seu ouro fizeram ídolos para si, para
serem destruídos.
O
luxo e a suntuosidade dominaram a mente e o coração do povo. A
religião havia se tronado rica
na liturgia,
mas pobres na teologia. O sincretismo religioso era tolerado e o zelo
pela Palavra de Deus era negligenciada.
Os
israelitas agiam como “crentes
de fim de semana”;
gente de vida dupla que reservava o sábado para uma devoção
ardorosa e os demais dias da semana para a ganância, os prazeres e
até mesmo a idolatria.
Obs: Vivemos também hoje em meio a
uma sociedade que busca por uma religião acomodada, que alimente as
emoções sem restringir os desejos da carne. Mas assim como nos
tempos bíblicos, também hoje a religiosidade desacompanhada da
integridade é tida aos olhos de Deus como “prostituição
espiritual” Os 5.4.
Não
querem ordenar as suas ações, a fim de voltarem para o seu Deus;
porque o espírito da prostituição está no meio deles, e não
conhecem o Senhor.
Esta
mentalidade está no seio da Igreja do Senhor, muitos confundem visão
de Reino com aquilo que Deus pode dar e realizar na vida de alguém.
Diferente do que o evangelho nos ensina. 2 Co 4.11-12.
E
assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor
de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossa
carne mortal. 12
De maneira que em nós opera a morte, mas em vós, a vida.
A
dupla personalidade dos israelitas corrompeu-lhes os conceitos de
moralidade e espiritualidade. Passaram a viver longe da verdade, do
conhecimento de Deus e do amor leal (Os
5.4).
Perderam
a capacidade de discernir entre o santo e o profano, entre a virtude
e a vergonha, entre a liberdade a libertinagem Os
4.1-2.
Ouvi
a palavra do Senhor, vós, filhos de Israel, porque o Senhor tem uma
contenda com os habitantes da terra, porque não há verdade, nem
benignidade, nem conhecimento de Deus na terra. 2
Só prevalecem o perjurar, e o mentir, e o matar, e o furtar, e o
adulterar, e há homicídios sobre homicídios.
Deus
abomina as declarações de fé que saem de lábios impuros; tão
pouco aceita o culto daqueles que consciente e deliberadamente se
entregam à imoralidade e carnalidade.
Oséias,
não se contendo ao presenciar tantos cultos imponentes e cheios de
rituais oferecidos por um povo que descaradamente desprezava os
mandamentos do Senhor e a integridade moral, pronunciou uma mensagem
de desabafo: “Porque
eu quero misericórdia e não sacrifício; e o conhecimento de Deus,
mais do que holocaustos”
Os
6.6.
II
– Os caminhos da ruína moral.
Os
efeitos das atitudes daquela sociedade corrompida se fizeram sentir
na alma do profeta, e também no seu lar. Oséias experimentou no
peito uma amostra da dor que o Senhor sentia por causa da
infidelidade de Seu povo.
Há
duas interpretações mais aceitáveis para os primeiros versículos
de Oséias: “Vai,
toma uma mulher de prostituição”
(Os
1.2).
- Interpretação - Oséias casou-se, por orientação divina, com uma mulher de passado maculado, dando-lhe a oportunidade de um novo recomeço, uma nova vida. Deus talvez estivesse mostrado que o amor pode cancelar o passado, restaurar o presente e modificar o futuro.
- Interpretação – Oséias estaria, na verdade, fazendo uma reflexão madura, alguns anos mais tarde, entendendo que Deus o conduziu a esse relacionamento, mesmo sabendo que Gômer (esposa) viria a se torna. Nesse caso, estaria desejando que o profeta compreendesse plenamente o teor de Sua mensagem e do Seu sentimento.
Qualquer
que seja a interpretação, o fato é que Oséias passou a vivenciar
a mensagem que proclamava. Na infidelidade de sua esposa pôde
ilustrar o adultério espiritual dos israelitas com Baal Os
2.8.
Ela,
pois, não reconhece que eu lhe dei o grão, e o mosto, e o óleo e
lhe multipliquei a prata e o ouro, que eles usaram para Baal. O
Senhor tratava Israel qual esposa amada.
Os
2.19-20.
E
desposar-te-ei comigo para sempre; desposar-te-ei comigo em justiça,
e em juízo, e em benignidade, e em misericórdias.
20 E
desposar-te-ei comigo em fidelidade, e conhecerás o Senhor. Mas
Israel preferiu buscar os favores e os prazeres de um outro “senhor”
(Baal
significa
senhor, possuidor, marido).
Sim,
Oséias sentiu na pele o que se passava no coração de Deus.
Percebeu que, assim como Gómer deixou-se seduzir pelas atrações
mundanas e pelos benefícios materiais que poderia obter com a
leviandade Os
2.5.
Pois
sua mãe se prostituiu; aquela que os concebeu houve-se torpemente,
porque diz: Irei atrás de meus amantes, que me dão o meu pão e a
minha água, a minha lã e o meu linho, o meu óleo e as minhas
bebidas.
Israel
trocou o compromisso com Deus e a pureza da vida espiritual (união
com Deus) pelos benefícios materiais oferecidos pelos “amantes
satânicos”, os deuses pagãos dos povos ao redor (Os 2.5-9).
Quem não
mantiver o compromisso com o Senhor, terá dificuldade em manterem-se
íntegros aos demais compromissos assumidos. O caminho da ruína
moral passa pela infidelidade espiritual.
III
– Os caminhos da restauração.
Apesar
de toda rebeldia, idolatria e imoralidade, Deus não desistiu de amar
Seu povo. Israel havia chegado ao “fundo
do poço”,
se, não fosse o imutável amor divino, já nenhuma esperança
restaria para eles Os
13.14.
Eu
os remirei do poder do inferno e os resgatarei da morte; onde estão,
ó morte, as tuas pragas? Onde está, ó inferno, a tua destruição?
Meus olhos não vêem em mim arrependimento algum.
Gômer
também chegou ao “fundo
do poço”,
vendendo-se por favores sexuais, a fim de pagar suas dívidas de
boemia.
O
profeta, tendo aprendido a amar segundo o amor de Deus, se dispôs a
procurá-la e a saldar suas dívidas; resgatou-lhe a liberdade e a
trouxe de volta para casa. Gômer perdeu temporariamente os
privilégios, mas foi perdoada – “Comprei-a,
pois, para mim por quinze peças de prata e um Gômer e meio de
cevada;
3 e
lhe disse: tu esperarás por mim muitos dias; não te prostituirás,
nem serás de outro homem; assim também eu esperarei por ti”
(Os
3.2-3).
Deus
restaura o caído, movido por Seu intenso amor, mas não negligencia
o pecado. Para ocorrer restauração é necessário que haja correção
“Deus
corrige a quem ama”
(Hb 12.6).
A
correção de Deus, segundo as palavras do profeta, viria pelos
braços da Assíria. As tribos do norte perderiam por muitos tempo a
identidade nacional, a pátria e a intimidade com Deus a quem tantas
vezes desprezaram. Este seria o preço da infidelidade.
Oseias
conclamou o povo ao arrependimento e confiança na promessa que Deus,
por Seu imenso amor, haveria de perdoar todo coração sinceramente
arrependido Os
14.2.
Tende
convosco palavras de arrependimento e convertei-vos ao Senhor;
dizei-lhe: Perdoa toda iniquidade, aceita o que é bom e, em vez de
novilhos, os sacrifícios dos nossos lábios.
Ele ilustrou a realidade do perdão divino por meio do perdão
exercido em favor de sua esposa. O amor humano triunfou e o amor
divino triunfará ainda mais.
O caminho da restauração
moral e do reaviva mento espiritual deve passar invariavelmente pelo
arrependimento Os
14.4. Curarei
a sua infidelidade, eu de mim mesmo os amarei, porque a minha ira se
apartou deles. Como o cedro do Líbano.
Espelhou a tragédia de um povo. Por intermédio dele, Deus chama de volta os desviados, oferecendo-lhe misericórdia, perdão e uma nova oportunidade. Oséias trouxe uma oportunidade. Oséias trouxe uma mensagem ousada para seus dias (e ainda é), ofertando graça em lugar de vingança; estendendo a oportunidade de salvação até a mais desprezível criatura.
O ministério de Oséias assemelha-se aos evangelistas de nossos dias, persuadindo os pecadores rebeldes a tornarem-se “filhos pródigos”, voltando ao Pai que, com amor, os aguarda de braços abertos.
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