O Pecados de Acâ



O Pecado de Acã
Uma Exposição de Josué 7.

Texto Básico: Josué 7.
Texto Devocional: 1 Jo 2.16-17. Porque tudo o que há no mundo, a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação da vida, não é do Pai, mas é do mundo. 17 Ora, o mundo passa, e a sua cobiça; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre.
Palavra Chave: Mc 4.22. Porque nada está encoberto que não será manifesto; e nada foi escondido senão para vir à luz.

Introdução:

a. O povo de Deus é humilhado (7.1-5). E prevaricaram os filhos de Israel no anátema; porque Acã... tomou do anátema (1). Deve-se notar que todo o Israel é acusado de ter cometido uma prevaricação. Aconteceu aquilo que Josué advertira o povo a não fazer (6.26 Também nesse tempo Josué os esconjurou, dizendo: Maldito diante do Senhor seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó; com a perda do seu primogênito a fundará, e com a perda do seu filho mais novo lhe colocará as portas.). A solidariedade do povo de Deus é sugerida aqui. A responsabilidade do indivíduo é vista no fato de que Acã logo se tornou um exemplo vivo do preceito que Moisés proclamara quando disse: “Porém sentireis o vosso pecado, quando vos achar” (Nm 32.23 Mas se não fizerdes assim, estareis pecando contra o Senhor; e estai certos de que o vosso pecado vos há de atingir). Aquele que fazia o que Deus havia proibido cortejava a punição. Terríveis consequências seguiram-se a estes atos. Aira do Senhor se acendeu contra os filhos de Israel (1).

Observe: Acã sozinho desafiou a proibição, mas sua desobediência é vista como sendo de toda a nação, devido ao princípio de solidariedade corporativa do AT. “Mas os filhos de Israel cometeram uma transgressão no tocante ao anátema, Rm 5.12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram.

Sem saber da atitude de Acã, Josué enviou os espias mais uma vez (v.2 Josué enviou de Jericó alguns homens a Ai, que está junto a Bete-Áven ao Oriente de Betel, e disse-lhes: Subi, e espiai a terra. Subiram, pois, aqueles homens, e espiaram a Ai.). Ele era um oficial diligente em suas ordens. Josué sabia que um lugar estrategicamente localizado como Ai ofereceria grande resistência. Quando foi avisado para levar dois mil ou três mil homens (v.3 Voltaram a Josué, e disseram-lhe: Não suba todo o povo; subam uns dois ou três mil homens, e destruam a Ai. Não fatigues ali a todo o povo, porque os habitantes são poucos.), Josué optou pelo número maior (v.4 Assim, subiram lá do povo cerca de três mil homens, os quais fugiram diante dos homens de Ai.). Ele queria trabalhar com uma margem maior de força. Contudo, logo descobriu que a força militar, sem a assistência de Deus, seria o mesmo que derrota.

O pecado de Acã humilhou a todos aqueles que tinham algum relacionamento com ele, quer fosse direto ou indireto (4,5). O coração do povo se derreteu e se tornou como água (v.5 E os homens de Ai mataram deles cerca de trinta e seis e, havendo-os perseguido desde a porta até Sebarim, bateram-nos na descida; e o coração do povo se derreteu e se tornou como água.) quando sentiu que o apoio de Deus fora retirado. Sua derrota o ajudou a perceber o quão dependente ele era do Senhor.

b. O povo de Deus se reúne para orar (7.6,9). O que estes versículos revelam sobre Josué... e os anciãos de Israel (v.6 Então Josué rasgou as suas vestes, e se prostrou com o rosto em terra perante a arca do Senhor até a tarde, ele e os anciãos de Israel; e deitaram pó sobre as suas cabeças.)? Será que eles realmente se humilharam diante do Senhor? Sua oração teria sido de lamento e depressão mais do que de humilhação e confissão? Revelava-se ali um espírito de impertinência? Este foi um tipo bastante comum de reação nos anos anteriores (cf. Êx 5.22,23; 14.11-12; Nm 11.11-15; 14.2,3; 20.3ss). Contudo, é a primeira vez que Josué se expressa assim. Teria se abalado a sua confiança na liderança do Senhor (v.7 E disse Josué: Ah, Senhor Deus! Por que fizeste a este povo atravessar o Jordão, para nos entregares nas mãos dos amorreus, para nos fazeres perecer? Oxalá nos tivéssemos contentado em morarmos além do Jordão)? Chamo atenção para Êxodo 5.22-23, quando Moisés apresenta a sua aflição; o Senhor no capítulo “6”, Deus por mão poderosa fiz como fará para que Faraó os liberte, ou seja, o El-shaddai, que é “O Deus que é Suficiente”, “O Onipotente”, “Aquele que é Autossuficiente”, “o Onipotente”, “Aquele que é Autossuficiente”, significa que Deus é a fonte de todas as bençãos e proezas militares.

Josué inferiu que o povo o decepcionara (v8 Ah, Senhor! Que direi, depois que Israel virou as costas diante dos seus inimigos?). Ele concluiu que os inimigos tinham alcançado o equilíbrio do poder. Eles nos cercarão e desarraigarão o nosso nome da terra (v. 9 Pois os cananeus e todos os moradores da terra o ouvirão e, cercando-nos, exterminarão da terra o nosso nome; e então, que farás pelo teu grande nome?). Estes líderes de Israel estavam em grande desespero. Contudo, durante toda essa experiência de abatimento, alguns raios de fé penetraram na escuridão. O próprio ato de orar sugere fé no poder divino.

O reconhecimento de que o Senhor fizera passar a este povo o Jordão (v.7 E disse Josué: Ah, Senhor Deus! Por que fizeste a este povo atravessar o Jordão, para nos entregares nas mãos dos amorreus, para nos fazeres perecer? Oxalá nos tivéssemos contentado em morarmos além do Jordão) reflete a fé num Deus que opera maravilhas. O fato de Josué ter reconhecido que Israel jamais deveria ter dado as costas aos seus inimigos sugere fé naquele que poderia dar a vitória. Sua preocupação pelo grande nome (9) de Deus é outro vislumbre de fé nesta hora escura. Com isso alguém dificilmente poderia dizer que a oração de Josué foi uma expressão de descrença, “mas foi simplesmente uma linguagem ousada de fé que luta com Deus em oração - fé que não conseguia compreender os caminhos do Senhor”.

c. A resposta de Deus (7.10-15). Levanta-te!... Israel pecou (v.10,11). Independentemente do mal que os ímpios ao redor pudessem pensar, dizer ou fazer, Deus insistia para que seu povo não pecasse. Esta geração deve se lembrar que simplesmente “ter o nome do Deus de Israel nunca foi uma garantia de proteção divina (Blindado por Deus?).

Se o coração estivesse longe do Senhor, não se deveria esperar por sua bênção”. Deus não está interessado em que seu grande nome tenha um apoio apenas superficial. Aqueles que seriam conhecidos como seu povo não deveriam praticar o pecado. Qualquer programa de vida que se aproximasse da pecaminosidade seria uma afronta a Deus (v.12 Por isso os filhos de Israel não puderam subsistir perante os seus inimigos, viraram as costas diante deles, porquanto se fizeram anátema. Não serei mais convosco, se não destruirdes o anátema do meio de vós).

Josué descobriu que Deus não se esquecera de seu povo, mas, sim, Israel virara as costas ao Senhor. Israel pecou (v.11 Israel pecou; eles transgrediram o meu pacto que lhes tinha ordenado; tomaram do anátema, furtaram-no e, dissimulando, esconderam-no entre a sua bagagem), quebrou o concerto, desobedeceu, roubou, apropriou-se indevidamente e ocultou aquilo que não lhe pertencia. O povo que fizesse tais coisas não poderia subsistir perante os seus inimigos (v.12 Por isso os filhos de Israel não puderam subsistir perante os seus inimigos, viraram as costas diante deles, porquanto se fizeram anátema. Não serei mais convosco, se não destruirdes o anátema do meio de vós). Aqueles que persistissem em tais práticas não poderiam jamais ter Deus consigo. Josué precisou reconhecer que não tinha base para duvidar da fidelidade do Senhor. Ele deveria ser sábio e procurar a causa daquela calamidade entre o seu próprio povo.

Um raio de esperança na direção da reconciliação com Deus foi incluído na frase se não desarraigardes o anátema do meio de vós (v. 12 Por isso os filhos de Israel não puderam subsistir perante os seus inimigos, viraram as costas diante deles, porquanto se fizeram anátema. Não serei mais convosco, se não destruirdes o anátema do meio de vós). Então o Senhor instruiu Josué de maneira mais específica em relação ao caminho da recuperação. Primeiramente, as pessoas deveriam se relacionar conscientemente com o Senhor e também se santificar (v.13 Levanta-te santifica o povo, e dize-lhe: Santificai-vos para amanhã, pois assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Anátema há no meio de ti, Israel; não poderás suster-te diante dos teus inimigos, enquanto não tirares do meio de ti o anátema.) Elas deveriam se colocar numa posição na qual Deus pudesse lhes falar e, então, estariam prontas para obedecer a todas as instruções que Ele lhes desse.

Segundo, as pessoas deveriam aceitar uma provação que faria com que elas tomassem uma posição. Deus revelaria a tribo, a família, a casa e, finalmente, o homem que for tomado com o anátema (v.15 E aquele que for tomado com o anátema, será queimado no fogo, ele e tudo quanto tiver, porquanto transgrediu o pacto do Senhor, e fez uma loucura em Israel). Em terceiro lugar, tanto aquilo que fora tomado como aquele que reteve para si o que Deus havia proibido deveriam ser destruídos. Finalmente, a dupla natureza do pecado deste homem deveria ser reconhecida: ele transgrediu o concerto do Senhor e fez uma loucura em Israel (v.15 E aquele que for tomado com o anátema, será queimado no fogo, ele e tudo quanto tiver, porquanto transgrediu o pacto do Senhor, e fez uma loucura em Israel). O pecado de Acã fez com que 36 guerreiros escolhidos fossem mortos (7.5); sua família, sua tribo e sua nação foram humilhadas. Tal crime era incompatível com a honra de Israel como povo de Deus. Ajustiça precisava ser feita e, portanto, ele deveria morrer.

d. O culpado é encontrado (7.16-21). Josué agiu tão logo entendeu a vontade do
Senhor (16). A maneira pela qual as tribos das famílias foram selecionadas não é claramente apresentada. A prática de “lançar sortes” era um método conhecido de determinar opções (cf. Js 18.10 e Nm 33.54).

O conceito básico dessa prática é expresso nas palavras: “A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda a sua disposição” (Pv 16.33). O uso de sortes era dirigido pela convicção de que a influência divina controlava o resultado. Isto significava que o resultado obtido com a sorte coincidia com a vontade de Deus. Zera (v.17 fez chegar a tribo de Judá, e foi tomada a família dos zeraítas; fez chegar a família dos zeraítas, homem por homem, e foi tomado Zabdi;) era filho de Judá (Gn 38.29,30). Dá, peço-te, glória ao Senhor, Deus de Israel (v.19 Então disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor Deus de Israel, e faze confissão perante ele. Declara-me agora o que fizeste; não mo ocultes).

A confissão do pecado sempre traz glória a Deus e benefício aos homens. Acã coloca-se diante de toda a congregação de Israel como um homem condenado. Até esse ponto, Deus usara o lançamento de sortes para encontrar este homem. Agora, ele confirma a descoberta do Senhor por meio de sua própria confissão (v.20-21 Respondeu Acã a Josué: Verdadeiramente pequei contra o Senhor Deus de Israel, e eis o que fiz: 21 quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro do peso de cinquenta siclos, cobicei-os e tomei-os; eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata debaixo da capa).

Essa confissão revela três passos bastante conhecidos que levam à ruína: Acã (1) viu, (2) cobiçou e (3) pegou o que não era dele. Isto também revela que ele usava um método inadequado de lidar com o pecado: tentou escondê-lo (v.21 quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro do peso de cinquenta siclos, cobicei-os e tomei-os; eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata debaixo da capa).

e. As consequências do pecado (7.22-26). Certamente Acã descobriu que o pecado é uma emoção passageira. Houve a emoção de obter alguma coisa secretamente. Ele teve a emoção de conhecer uma coisa que os outros não conheciam. Ele teve a emoção de ser procurado. Finalmente, chegou a emoção de ser o centro das atenções, de ser “a manchete do dia”. Há pessoas dispostas a trocar suas vidas por essas compensações.

Mas a emoção teve vida curta. O que ele fizera foi logo descoberto por todos. O que ele havia escondido foi rapidamente manifesto a toda a sua nação. Aquilo que ele considerou valioso mostrou-se impotente para ministrar-lhe. Aquilo do que ele teve orgulho tornou-se sua vergonha. Sua alegria transformou-se em tristeza. Sua emoção momentânea terminou numa morte violenta. Com ele pereceu tanto aquilo que ele havia roubado quanto o que era legitimamente seu. 

Ele recebeu o salário do pecado. Ele se foi “sem deixar de si saudades” (2 Cr 21.20 Tinha trinta e dois anos quando começou a reinar, e reinou oito anos em Jerusalém. Morreu sem deixar de si saudades; e o sepultaram na cidade de Davi, porém não nos sepulcros dos reis). Este rei se chama Jeorão, ele casou com a filha de Acabe 2 Cr 21.6. E andou no caminho dos reis de Israel, como faz Acabe, porque tinha a filha de Acabe por mulher; e fazia o que parecia mal aos olhos do senhor. Lembrando que as pessoas longe de são péssimas influenças. 1 Co 15.33 Não vos enganeis. As más conversações corrompem os bons costumes.

Este evento evidencia o princípio de que somente aqueles que vivem vidas submissas diante de Deus recebem ajuda do Senhor. Alexander Maclaren observou corretamente que “as vitórias da igreja são alcançadas muito mais por sua santidade do que por seus talentos ou pelo poder de mente, cultura, riqueza, eloquência ou similares. Suas conquistas são as conquistas de um Deus que habita nela”. Acã recusou-se a se submeter ao plano de Deus. Ele carecia da santidade que daria permanência ao seu programa de vida.

O fato de que “nenhum de nós vive para si e nenhum morre para si” (Rm 14.7 Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si.) é ilustrado pela vida de Acã. Um homem pode contaminar uma comunidade tanto para o bem como para o mal. Paulo dá a essa ideia um cuidadoso desenvolvimento em sua carta aos coríntios. Ele conclui: “De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele 1 Co 12.26”.

A vida de Acã também nos ensina que o pecado nunca está oculto aos olhos de Deus. O Senhor sabe o que os olhos veem, o que o coração deseja e o que os dedos manipulam. Ele também sabe dos inúteis esforços do homem de tentar enganá-lo. Mais cedo ou mais tarde, um ser humano deverá encarar seus atos e prestar contas de todos eles.

Outra verdade importante é encontrada no fato de que, assim que o pecado foi expiado, a porta da esperança se abriu. O povo sentiu mais uma vez a segurança de que poderia avançar. Esta verdade continua em ação. Aquele que aceita o sacrifício de Cristo pelo pecado imediatamente olha para a vida com esperança e segurança.

Este parágrafo não quer dizer necessariamente que a família de Acã foi apedrejada. As palavras do versículo v.25 são notadamente vagas em relação a este assunto. O pronome plural os poderia estar se referindo às posses de Acã. Contudo, a verdade central é que sua vida e sua morte realmente tiveram uma influência perturbadora sobre toda a nação. Vale de Acor (24) significa ‘Vale da Desgraça”. Até ao dia de hoje refere-se ao tempo em que viveu o autor.

Conclusão: Temos a oportunidade de fazer diferente nesses dias difíceis, quando o que é santo é profano e o que é profano é santo.






Comentários