Introdução a 3 João





Introdução a 3 João


Autor, Lugar e Data da Redação.

Esta breve carta, muito semelhante a 2 João, tradicionalmente é tida como obra do apóstolo João, e não há motivos para duvidar dessa tradição. Assim como 1 e 2 João, foi provavelmente escrita no final do século I, em Éfeso.

Destinatário.

João endereça a carta ao seu amigo Gaio. Nome romano comum, não se sabe se o Gaio da carta deve ser identificado com outro personagem do NT de mesmo nome (ver At 19.29; 20.4; Rm 16.23; 1 Co 1.14).

Fatos Culturais e Destaques

Alguns colaboradores de João foram comissionados e enviados por ele para ensinar nas igrejas, e eles contavam com a hospedagem dos cristãos nos locais em que ministravam. Demétrio (v. 12), evidentemente um desses ministros itinerantes, pode ter sido o portador da carta de João.

Entretanto, numa das igrejas, o líder local, Diótrefes, recusava-se a receber os emissários de João. Por isso, o apóstolo escreve a Gaio, cristão em cuja lealdade ele confiava, para afirmar que esperava melhor tratamento aos seus discípulos. Se Gaio fazia parte da mesma comunidade que Diótrefes, deveria se manifestar e pôr um ponto final ao domínio de Diótrefes sobre aquela igreja. Mas, se pertencia a outra comunidade, era seu dever garantir que a atitude de Diótrefes não se estendesse à sua igreja. Há uma advertência implícita de que João poderia vir e confrontar Diótrefes cara a cara — sem dúvida, uma fonte potencial de problema para a igreja.

Atente para 0 elogio de João a Gaio, por sua hospitalidade, e para sua condenação a Diótrefes, pela maneira em que tratava os irmãos.

Você sabia?

Hoje, os judeus ortodoxos costumam se dirigir a Deus com 0 título Ha-Shem (“0 Nome”) (v. 7).

Temas

A terceira carta de João contém os seguintes temas:

1. Hospitalidade. João elogia Gaio por sua hospitalidade e condena Diótrefes, que recusa hospitalidade aos “irmãos”. O comportamento de Diótrefes, na verdade, pode ser 0 que João tinha em mente quando fez referência ao ódio entre irmãos (1Jo 3.15-17). Os pregadores itinerantes dependiam da hospitalidade dos cristãos entre os quais ministravam. Essa rede de comunicação funcionava entre as igrejas perseguidas e promovia um sentimento de solidariedade. As igrejas locais viam-se como parte da Igreja una, unida em torno da verdade fundamental do evangelho.

2. Verdade. Demétrio, que também é desconhecido, é provavelmente 0 portador da carta. Ele deve ser recebido, afirma João, porque mani festa a verdade (v. 12). Podemos presumir que Demétrio havia passado nos testes éticos de fé delineados em 1João. Para mais informações sobre a “verdade” em João, ver os temas listados na introdução de 2João.

SUMÁRIO

I. Saudação (1,2)
II. Gaio é elogiado (3-8)
III. Gaio é exortado (9-12)
A. Diótrefes: um mau exemplo (9-11)
B. Demétrio: um bom exemplo (12)
IV. Conclusão (13,14)

Materiais de Escrita no Mundo Antigo

3 JOÃO João afirma que está escrevendo "com pena e tinta" (3Jo 13), o que soa um tanto moderno, mas os povos antigos usavam materiais de escrita muito antes de pensarmos em caneta e papel. Os textos antigos foram escritos sobre os seguintes materiais:

Pedra. Podia ser uma pedra calcária, arenito ou, para uma pequena inscrição,
uma pedra semipreciosa como a ametista, a turquesa ou a opala. A ferramenta de escrita podia ser um buril ou um estilete de metal, mas também se escrevia na pedra com tinta.

Às vezes, a pedra era coberta com uma capa de gesso (como em Dt 27.2,3). A pedra, inclusive o mármore, era bastante utilizada para inscrições em monumentos que descreviam as festas dos reis,1 porém as inscrições simples também eram talhadas em pedras.

Metal. Esse material foi primeiramente usado em objetos comemorativos e decorativos, como nas inscrições em tigelas de prata. Dois amuletos 2 de prata inscritos com o texto de Números 6.24-27 foram descobertos perto de Jerusalém,3 enquanto que um rolo de cobre foi localizado em Qumran.

Tabuinhas de madeira. Para se obter a superfície da escrita, podiam ser cobertas com cera ou estuque. A cera era especialmente útil, pois qualquer um poderia escrever com um estilete pontiagudo e depois apagar e reutilizar a
tabuinha.

Tabuinhas de argila. A argila era o meio de comunicação cuneiforme. Ainda úmida, podia receber inscrições feitas com um graveto pontiagudo para criar a escrita distintiva e ayen com caracteres em forma de cunha. Depois de secadas no forno, as tabuinhas se tornavam virtualmente indestrutíveis, e assim muitas sobreviveram através dos séculos.

Óstracos. Óstraco é um caco de cerâmica comum (pedaço de vaso quebrado). Podia ser inscrito com um estilete de metal ou escrito com tinta. 5 Os óstracos eram mais adequados a notas curtas e cartas. Em Atenas, os eleitores os usavam para escrever o nome do cidadão que queriam enviar para o exílio ou para o "ostracismo" (daí o nome).

Couro. As páginas de couro são o velino e o pergaminho. Em Israel, o couro foi o meio de comunicação escolhido para o registro dos livros das Escrituras. O Rolo de Isaías, de Qumran, por exemplo, é composto de couro com a escrita em tinta preta.

Papiro É o material mais próximo do papel no mundo antigo. A planta de papiro (egípcia) era cortada em tiras. As tiras eram prensadas até virarem folhas e depois coladas juntas. Isso contribuía para uma superfície de escrita forte e lisa. O papiro tornou-se, naturalmente, muito popular no mundo antigo.7 A tinta aplicada sobre o papiro podia ser apagada, e o papiro, reutilizado. 0 papiro apagado e utilizado outra vez é chamado "palimpsesto".

Rolos e códices. Durante quase toda a história bíblica, o papiro e o couro eram transformados em longas tiras e enrolados. Entretanto, por volta do século I d.C., começou-se a unir com uma costura um dos lados de um conjunto de papiros ou de folhas couro, e o resultado foi um arranjo semelhante ao livro moderno, chamado "códice". Os primeiros cristãos adotaram a ideia do códice, por isso a maioria das Bíblias cristãs primitivas apresenta essa forma, não há de rolo.

Tinta. João "tinta". No mundo antigo, era geralmente preta, feita de carbono misturado com goma natural. A tinta vermelha, no entanto, também era bastante utilizada. A taxa de alfabetização era alta no mundo greco-romano, e os materiais de escrita, embora difíceis de trabalhar pelos padrões modernos, existiam em grande quantidade. Escrever cartas era um hábito comum,9 e a relativa facilidade de comunicação facilitava o trabalho missionário e pastoral dos apóstolos.


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