OBRAS
MORTAS E OBRAS VIVAS.
O
crente realiza a obra de Deus por ser salvo, e não para ser salvo.
No primeiro caso, são obras vivas, de fé; no segundo, são obras
mortas, da carne, e executadas mediante o esforço humano.
Afirmam
os católicos que “fora da Igreja não há salvação”; os
espíritas dizem que “fora da caridade ninguém se salvará”, e
os cristãos judaizantes, pregam que “sem a observância da lei
(decálogo) ninguém será salvo”. A despeito de suas aparentes
divergências, todos esses grupos têm algo em comum, pois seus
princípios caracterizam a religião humana, baseada nas boas obras.
Do
ponto de vista profético, cada um desses dogmas desempenha hoje a
sua parte no cumprimento
da profecia bíblica: 1 Tm 4.1-2 “Mas
o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão
alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas
de demônios,
2
pela
hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua
própria consciência,”
Pelas
expressões “espíritos
enganadores”,
“proíbem
o casamento”
e “abstinência
de alimentos”,
percebe-se clara alusão profética aos três referendos
movimentos
religiosos. Não é de admirar que a apostasia esteja hoje tão em
evidência. Estamos na época em que lobos devoradores se vestem de
ovelhas, infiltram-se no rebanho de Deus e ali procuram fazer suas
vítimas. Jesus preveniu-nos acerca desses falsos mestres e falsos
profetas, e disse que, se possível fora, ele enganariam até os
escolhidos.
De
cima para baixo.
Enquanto
a salvação que vem de Deus foi consumada por Jesus Cristo no
Calvário, a religião dos homens tem sido baseada no princípio
antibíblico de se fazer aluma coisa para Deus, característica mais
evidente de toda e qualquer falsa seita, rotulada ou não de
Cristianismo.
A
palavra de Deus é clara quando afirma: “Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é
dom de Deus.
9 Não
vem das obras, para que ninguém se glorie.”
Ef 2.8-9.
Ao
expiar Jesus no madeiro, o véu do templo rasgou-se de “alto a
baixo”, expressão idêntica à que foi usada pelo Senhor no
diálogo com Nicodemos: “Necessário vos é nascer de novo”.
“Alto e baixo” e “nascer de novo”, segundo os entendidos em
etimologia bíblica, são uma mesma coisa: de cima para baixo, do Céu
para a terra, de Deus para o homem.
Jesus
afirma a nulidade dos esforços humanos na economia da salvação:
“Sem mim nada podeis fazer” Jo 15.5. E Paulo enfatiza esta mesma
verdade ao concluir que “Deus é o que opera em vós tanto o querer
como o efetuar” Fp 2.13.
porque
Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a
sua boa vontade.
Quando
a Bíblia a frima que a lei de Moisés, pelo fato de nada ter
aperfeiçoado, é importante para salvar-nos, indica a pessoa de
Cristo em nós como o único meio de vivermos vitoriosamente a vida
cristã. É como disse o apóstolo Paulo: “Já
estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive
em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de
Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim.”
Gl 2.20.
A
obediência da Fé.
Inconformados
com os claros ensinos das Escrituras sobre a justificação mediante
a fé, há os que torcem textos sagrados em defesa da obediência e
das obras. “A fé sem obras é morta” Tg 2.17. é versículo
preferido de uns: “Obedecer é melhor do que sacrificar” 1 Sm
15.22. é passagem predileta de outros. Com tais citações,
pseudocristãos destes últimos tempos procuram induzir os crentes a
guardar o decálogo da lei, particularmente o sábado, ou a encarar
as obras humanas como possuidoras de algum mérito aos olhos de Deus.
Todavia,
a Bíblia diz que “separados estais de Cristo, vós os que vos
justificais pela lei: da graça tendes caído” Gl 5.4. E,
em Rm 1.5. e 16.26, o mesmo apóstolo dos gentios fala da “Obediência
da fé”
Rm
1.5.
pelo
qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé
entre todas as gentes pelo seu nome.
Rm
16.26. mas
que se manifestou agora e se notificou pelas Escrituras dos profetas,
segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para
obediência da fé,
A
expressão “obediência da fé”, como tem sido traduzida em
português, implica a necessidade da fé antes da obediência. É a
fé em Cristo que produz a obediência à verdade que esteve oculta
no passado por muitos séculos, mas que agora, por ordem do Deus
eterno, “sé tronou conhecida em todas as nações, para que todos
creiam e obedeçam”.
“Nada
podemos fazer para Deus antes de sermos salvos pela graça e
transformados pelo seu amor”, o que é exatamente o que Jesus
ensinou no texto já referido de João 5.5.
É
somente quando
nos entregamos a Jesus Cristo e nos enchemos de seu amor que nos
dispomos a obedecer aos mandamentos dEle. Jesus deseja de cada um de
seus discípulos um “sacrifício vivo”, e não um “sacrifício
morto” (Rm 12.1.)
Portanto,
obediência, aqui, não é à letra que mata, ou a mandamentos
legalistas já abolidos na cruz, mas à fé salvadora. O homem
nascido de novo não mais procura estabelecer uma obediência pessoal
fundada sobre as obras, mesmo que esteja em tudo imitando a pessoa
perfeita de Jesus Cristo.
A
obediência da fé é muito mais que isso, pois significa que quem
obedece esteja revestido da obediência
do próprio
Jesus Cristo. O apóstolo Paulo explica, em Rm 6, de que maneira as
pessoas desobedientes se tornam obedientes em Cristo. Ao ser
mergulhado na morte de Jesus Cristo pelo batismo, o velho homem
desobediente morre, e a nova vida que então recebe é a vida
obediente de Cristo, a qual lhe é outorgada gratuitamente. É como
A. Lelievre escreveu:
A
obediência
do cristão é à fé em Jesus Cristo: a fé que, nesta troca
batismal, aceita ter por vida, não mais a que o homem poderia dar-se
a si mesmo,
mas a que Deus lhe comunica em Jesus Cristo
Cl 3.3 “porque
já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em
Deus.”
Tudo
se dá nesta obediência da fé; mas sem ela o homem fica com sua
desobediência sob a ira de Deus 2 Ts 1.8. “como
labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e
dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo”.
A
obediência do cristão não é do judeu, regulamentada por um uma
lei feita de preceitos e de proibições. É ampla como outrora no
Éden... O limite no exercício da liberdade cristã, caraterística
da obediência da fé, é o reconhecimento da obra de Cristo no
próximo Rm 14.13. “Assim
que não nos julguemos mais uns aos outros; antes, seja o vosso
propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão.”
1
Co 8.9. “Mas
vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para
os fracos.”
E da vida de Cristo em sua própria vida Rm 6.3. “Ou
não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos
batizados na sua morte?”
Assim,
é impossível a uma pessoa não regenerada obedecer
à
Deus, por mais que se esforce. Necessitamos,
pois, em nós, da vida obediente
de Jesus, e está
só
podemos receber pela fé.
É
mediante a fé que recebemos o Espírito Santo, que nos guia em toda
a verdade, produzindo em nós o seu fruto Gl 5.22,23. “Mas
o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
23 Contra
essas coisas não há lei.”
Prova final
de que somo filhos amados de Deus, pois é este mesmo Espírito que
testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus Rm 8.16. “O
mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de
Deus”.
Em
outras palavras, o Senhor não quer o nosso trabalho: Ele quer a nós.
Não exige as nossas boas obras, mas deseja habitar e viver em nós,
operando em nosso viver diário a sua boa, agradável e perfeita
vontade,
pois é ele quem opera em nós tanto o querer como o efetuar.
O
autor da Epístola aos Hebreus, depois afirmar que “ainda resta um
sabatismo [repouso] para o povo de Deus”, conclui: “Porque aquele
que entrou para no seu repouso, ele próprio repousou das suas obras,
como Deus das suas”. É pela fé em Cristo – o nosso Descanso (Mt
11.28. Vinde
a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.)
– que abandones
as nossas obras mortas para que Ele opere em nós as suas
obras vivas.
Não
sendo uma realidade em si mesma, a graça significa o próprio Deus
misericordioso compadecendo – se de nós, relacionando-se conosco,
amando-nos e perdoando-nos. No Antigo Testamento encontramos
belíssimas definições da graça divina, como nesta passagem:
Tão-somente
o Senhor se afeiçoou a teus pais para os amar; a vós outros,
descendentes deles, escolheu de todos os povos, como hoje se vê.
Dt 10.15.
Ainda
no Antigo Testamento, a graça de Deus para os pecadores consiste no
perdão dos pecados, ou seja, num ato divino que põe fim a uma
situação infeliz criada por alguma transgressão,
iniquidade, ofensa ou blasfêmia perturbadora do relacionamento
efetivo entre o homem e o seu Criador. A graça divina é, então,
Deus mesmo renunciando ao exercício do justo castigo por sua livre e
soberana decisão.
Este
atributo o reconheceu
Moisés: “E,
passando o Senhor por diante dele, clamou: Senhor, Senhor Deus
compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e
fidelidade; 7
que
guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniqüidade, a
transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita
a iniqüidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até à
terceira e quarta geração!”
Êx 34.6-7.
Davi
cantou a graça de Deus em muitos salmos: “Bem-aventurado é aquele
cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto... Confessei-te o
meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei... e tu perdoaste a
iniquidade do meu pecado”; “Bendize, ó minha alma, ao Senhor e
não te esqueças de nenhum
só de seus benefícios. Ele é quem perdoa todas as tuas
iniquidades” Sl 32.1,5; 103.2-3.
JESUS
É A GRAÇA.
No
Novo testamento, Deus mesmo, numa profunda manifestação da sua
graça, desde
a
terra na pessoa de Cristo Jesus e aproxima-se do homem a fim de
salvá-lo da sua triste condição de destituído da glória de Deus,
como o possuidor a tantos quantos, como a graça de Deus, seu
distribuidor a tantos
quantos dEle se aproximam em inteireza de fé, “porque a graça de
Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos o homem,
ensinando-os que, renunciando à impiedade e às concupiscências
mundanas, vivam neste presente século sóbria, justa e piamente”
Tt 2.11,12.
O
evangelista João também que a graça e a verdade são consequência
da encarnação do verbo: “A
graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”
Jo 1.17. Graça, favor de Deus não merecido por nós, e verdade, a
revelação absoluta de Deus, significam, em outras palavras, que
todo o amor do Pai, amor doador e perdoador, e toda a revelação
divina e conhecimento espiritual estão depositados em Cristo Jesus
para, por meio deste, manifestar-se aos homens no propósito de
transportá-los do reino das trevas para o reino da sua maravilhosa
luz.
Phillip
traduz “graça” por “amor”, e Moffat traduz “verdade” por
“realidade”. Então, uma expressão paralela para “graça e
verdade” seria “amor e realidade”. Assim, em Cristo Jesus
vieram à luz não apenas o amor de Deus, mas a realidade das coisas
outrora ocultas. Um teólogo analisou o texto de João 1.14-17
concluiu:
Em
Jesus Cristo há uma inesgotável capacidade de dar sem outra medida
a não ser a plenitude de Deus. A graça
e a verdade, objetivos da revelação da antiga
aliança,
acham-se plenamente reveladas e plenamente concedidas a nós em Jesus
Cristo. Como a presença de Jesus, o Antigo Testamento
e todo o judaísmo se apagam, dando lugar a outra religião não
imperfeita nem suscetível de ser substituída por uma melhor, pois é
verdadeira e definitiva: a religião do dom e da comunicação
plena e decisiva de Deus na pessoa do Unigênito. É esta a
verdadeira graça 1 Pe 5.12. “Por Silvano, vosso fiel irmão, como
cuido, escrevi abreviadamente, exortando e testificando que esta é a
verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes.” A genuína graça
de Deus.
O
Novo Testamento também denomina graça de Deus a todo o Evangelho.
É o que lemos: “Para dar testemunho do evangelho da graça de
Deus... falando ousadamente acerca do Senhor, o qual dava testemunho
a palavra da sua graça” etc (At 20.24; 13.43; 14.3; Cl 1.6. etc)
Todavia, o Evangelho não possui, por si mesmo, a graça. Ela está
com Cristo, e é este quem define
e
torna poderosa a mensagem evangélica.
Autor: Pr Abraão de Almeida.
Muito edificante o estudo, fui abençoada, Deus continue conduzindo e fortalecendo.
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