Todas as seitas, ao aceitarem falsos
princípios, afastam- se da pureza e simplicidade do Evangelho e passam a
valorizar mais seus compêndios de doutrina que a própria Palavra de Deus.
Os "testemunhas de Jeová"'
mudaram a sua doutrina dezenas de vezes, e o mesmo ocorreu com outras seitas
heréticas e falsas religiões, inclusive com o catolicismo romano, que já
adicionou centenas de inovações ao seu culto. Nesses agrupamentos religiosos
cumpre-se a declaração bíblica de que um abismo chama outro abismo (Salmos 42.7
Abismo chama abismo ao rugir das tuas cachoeiras;
todas as tuas ondas e vagalhões se abateram sobre mim), ou seja: um erro exige sempre
outro erro.
Mais recentemente, alguns cristãos
legalistas concluíram, mediante "exaustivas pesquisas", que a Bíblia
está errada quanto às datas da morte e ressurreição de Jesus! Num de seus
livretos, não temeram registrar o que se segue: "Ora,
a morte e o derramar do sangue do Cordeiro de Deus teve lugar numa quarta-feira
e sua ressurreição no sábado à tarde; logo nada mais justifica a guarda do
primeiro dia".
Lembramos ao leitor, por certo
surpreso ante essa inovação, que os guardadores do sábado são pródigos em
sensacionais descobertas que sempre redundam no mais completo fracasso. Foram
eles que previram o retorno de Cristo para 1843,
depois para 1844, 1852, 1854, 1863, 1867, 1868, 1877 etc. E Cristo
não veio em nenhuma dessas datas! Acerca da sua vinda, disse Jesus: "Mas, daquele Dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos que estão
no céu, nem o Filho, senão o Pai. Não vos pertence saber os tempos ou as
estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder" (Marcos 13.32; Atos 1.7).
CRIAÇÃO
E REDENÇÃO
Que diz a Escritura acerca do dia em
que Cristo morreu? "Era o Dia da Preparação, isto
é, a véspera do sábado..." (Marcos
15.42). Vejamos este mesmo texto em outras versões: "Sendo já tarde, era a Preparação, isto é, a
véspera do sábado" (Monges Beneditinos de Meredsous); "Já ao cair da tarde, porque era a Preparação, isto é, o dia
antes do sábado" (Pontifício Instituto Bíblico de Roma); "Chegada a tarde, porque era preparação da Páscoa, isto é, a
véspera do sábado" (Frei Mateus Hoepers); "Quando chegou a tarde, porque era o dia de Preparação, que é
o dia antes do Sábado" (J. B. Phillips); "Quando chegou a noite, porque era a preparação, isto é, a
véspera do dia de repouso" (Reina-Valera). Deixamos de citar outras
versões (Nova Versão Internacional, A Bíblia de Jerusalém, etc.) em razão da
absoluta semelhança de seus textos aos acima referidos.
A
fim de que não paire a menor dúvida, "véspera"
é "o dia que antecede imediatamente aquele de que se trata" (Dicionário
Aurélio).
A
mesma passagem aparece da seguinte forma em Lucas e João: "E era o dia da Preparação, e amanhecia o
sábado" (Lucas 23.54). Os judeus, pois, para
que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois
era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhe quebrassem as pernas,
e fossem tiradas" (João 19.31).
Esses textos, aceitos pelos
principais críticos bíblicos, afirmam que Jesus morreu na véspera de sábado, ou
seja, sexta-feira, e, incluindo-a, temos o dia da ressurreição de Jesus no
primeiro da semana. Escreve Paulo: "Porque
primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos
pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao
terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Co 15.3,4).
DISCREPÂNCIAS?
Acerca
das aparentes dificuldades apontadas por alguns eruditos na comparação entre os
evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) e o de João (Lc 22.7; Jo 18.28),
W. Arndt diz:
Argumenta-se,
com base em boa evidência, que entre os judeus de vez em quando havia
divergência de opinião sobre o dia que começava o novo mês. Privados dos nossos
modernos aparelhos e cálculos para fixar o tempo exato do aparecimento da lua
nova, os judeus antigos tinham que fiar-se em suas observações oculares.
Esse
método, por vezes, devido às condições atmosféricas desfavoráveis, era
imperfeito. Acontecia, nessas ocasiões, afirmarem algumas pessoas que a lua
nova, que marca o início de outro mês, aparecera, ao passo que, concomitantemente,
outros negavam o fato.
Supõe-se
que isso tenha acontecido precisamente no ano em que morreu o Senhor. Pensa-se
que o povo considerava a quinta-feira do que hoje chamamos de Semana Santa como
o décimo-quarto dia do mês de nisã, enquanto os principais dos sacerdotes
fixavam a sexta-feira como sendo este dia. Segundo esta teoria, os escritores
sinóticos refletem o datar dos fariseus e da maioria dos judeus, e João, o dos
principais dos sacerdotes (saduceus).
Não se encontrou evidência de que haja ocorrido isso no ano da crucificarão de
Jesus, mas é possível provar que havia desencontro entre os fariseus e os
saduceus quanto aos dias das datas de certas festas, e isso pode ter ocorrido
no presente caso.
As conclusões acima, resultado das
mais recentes pesquisas eruditas, mostram que Jesus celebrou a Páscoa na quinta-feira, e foi crucificado na sexta-feira. Como o dia judaico iniciava-se com o
pôr-do-sol, Jesus teria celebrado a Páscoa já no dia 14 de nisã, e morrido no mesmo dia, no começo do crepúsculo
vespertino, ou seja, período que vai das três
às cinco horas da tarde, quando o cordeiro pascal era imolado.
O fato de os sacerdotes não haverem
ainda comido a Páscoa significa que eles o fizeram após o pôr-do-sol da
sexta-feira, portanto no décimo- quinto dia do mês de nisã. Saliente-se ainda
que as contaminações temidas pelos sacerdotes não os impede de celebrar a
Páscoa após o pôr-do-sol, pois só tornavam a pessoa impura para o dia em que
ocorriam.
DIA DO
SENHOR
Em defesa de alguns de seus pontos
de vista antibíblicos, como a divisão da lei em "moral" e "cerimonial"
e a guarda do sábado, os discípulos de Guilherme
Miller e Ellen White desprezam o
texto e torcem o sentido das Escrituras. Particularmente no que diz respeito ao
domingo, convinha-lhes diminuir a inquestionável importância cristã desse dia,
custasse mesmo o sacrifício de uma interpretação consagrada em vinte séculos e
jamais contestada pelos mais expressivos intérpretes da Palavra de Deus em
todos os tempos.
Não há dúvida de que o primeiro dia
da semana, pelos eventos maravilhosos nele sucedidos, tornou-se dia de grande
alegria para a Igreja e, portanto, digno de ser comemorado. Nesse dia Jesus
ressurgiu dentre os mortos, dando aos discípulos uma viva esperança; nele Jesus
abençoou os seus discípulos, deu-lhes o Espírito Santo,
ordenou-lhes que pregassem o Evangelho, deu-lhes autoridade; nele Jesus
explicou a Escritura aos seus discípulos; nele eles pregaram pela primeira vez
o evangelho do Cristo ressurreto (1 Pe 1.3; Jo 20.19-23; Lc 24.27, 34, 45) e
nele muitos santos foram ressuscitados; no domingo, o Espírito Santo desceu no
Pentecoste, e nesse mesmo dia milhares de almas se converteram ao Senhor (Mt
27.52,53; At 2.1,2,41).
Ainda com o fim de justificar a
observância do sábado mosaico, alegam os modernos legalistas a sua relação com
os dias criativos de Gênesis, esquecidos de que a obra de Cristo, livrando-nos
da condenação eterna, é maior do que a própria criação.
Os eloquentes testemunhos da
Escritura e da História atestam que o primeiro dia da semana era o preferido
pelos cristãos primitivos para o descanso semanal e o culto divino. Desde muito
cedo esse dia ficou conhecido como o "dia do Senhor" (Ap 1.10 No
dia do Senhor achei-me no Espírito e ouvi por trás de mim uma voz forte, como
de trombeta). Os
principais doutores da Igreja, que viveram logo após a era apostólica, foram
unânimes em registrar esse fato em seus escritos, estando entre eles Inácio (100 d.C.), Barnabé (120 d.C.), Justino,
o Mártir (140 d.C.), Bardesanes de Edessa (180 d.C.) etc.
A NEGAÇÃO
DA BÍBLIA
Quando os frutos de puras
especulações são colocados acima dos ensinamentos claros das Escrituras, estas
já não são consideradas infalíveis.
Lamentavelmente, muitas seitas, ao
aceitarem falsos princípios, afastam-se cada vez mais do contexto bíblico. Seus
compêndios de doutrina passam a falar mais alto que o próprio Deus.
A Bíblia, então, por não apoiar os erros
de seus adversários, é por eles posta em dúvida. Toda passagem que não lhes
convém sofre a mais arbitrária interpretação, ou é prescindida sob a alegação
de "erro dos tradutores". Geralmente, como resultado de tantas
mutilações e violências praticadas contra o texto sagrado, a Bíblia chega a ser
menosprezada e transformada mesmo em objeto de versões espúrias, em que as
distorções se ajustem aos manuais doutrinários dos inimigos da sã doutrina. É o
que se pode chamar de medo da verdade ou paixão do erro.
A Bíblia refere-se aos tais como
"homens corruptos de entendimento, e privados da
verdade", "que aprendem sempre, mas nunca podem chegar
ao conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim
também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e
réprobos quanto à fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesta a
sua insensatez, como também aconteceu com a daqueles. (1 Tm 6.5; 2 Tm
3.7,9; 4.3,9).
Continua......
Obrar: O Sábado, a lei e a graça / Abraão de Almeida. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleia de Deus. 1981
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