JESUS
CRISTO COMO HOMEM – I
A
vida normal de Jesus.
Texto Básico: Lucas 2.41-52.
Texto Devocional: 1 João 1.1-4.
Versículo-Chave: “E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça,
diante de Deus e dos homens” Lucas
2.52.
Introdução:
Eis
o fato mais surpreendente, extraordinário e maravilhoso em toda história da
humanidade: Jesus Cristo, o Filho de Deus, a segunda Pessoa da Trindade, Se fez
um de nós. Ele, que vive desde a eternidade e por meio do quais todas as coisas
foram criadas (João 1:1-3). Ele, que é eternal,
soberano e glorioso Deus, reinando sobre todo o Universo, na companhia do Pai e
do Espírito. Ele, que é a fonte da
vida, o Criador, decidiu tornar-Se "criatura"
a fim de resgatar Sua obra danificada pelo pecado - o ser humano.
Como ser humano,
Jesus viveu normalmente como qualquer outro homem (embora sem pecado). É este
aspecto da pessoa do Salvador que vamos estudar nesta lição.
I – ENTRANDO NO
CURSO DA HISTÓRIA
“Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de
Abraão” (Mt 1.1)
O início do NT nos apresenta a genealogia
de Jesus, desde Abraão. Sabemos que toda Escritura é útil. Assim,
que ensinamentos podemos extrair desse trecho da Palavra de Deus?
Se Jesus Cristo não Se envergonhou por
nascer de uma mulher humilde, cuja linhagem continha tantas pessoas
reprováveis, então, não deve pensar que Ele haveria de envergonhar-Se por
chamar-nos irmãos e conferir-nos a vida.
Ele não apenas Se tornou humano, mas também viveu como um de nós.
Jesus teve mãe e pai (adotado), teve irmãos e irmãs, tios,
primos, avós. Ele fez parte de nossa família terrestre para que
pudéssemos fazer parte da família celestial.
II - INTERFERINDO NO CURSO DA HISTÓRIA
O Filho de Deus deixou a glória junto ao
Pai e entrou no âmbito humano. Encarnado, realizou a obra para a qual foi
destinado, obedientemente. Tendo Jesus sido concebido de forma miraculosa, como
podemos ter certeza de que Ele era de fato um verdadeiro ser humano?
Primeiro argumento: Jesus nasceu.
Ele não desceu do céu como um homem já feito.
Ele foi concebido no ventre de uma mãe humana e nutrido pelo cordão umbilical
como qualquer outro ser humano. Sua concepção foi sobrenatural, mas todo o Seu
desenvolvimento a partir daí foi natural.
Segundo argumento: Jesus teve família.
Ele esteve ligado biologicamente a Seus ancestrais e recebeu deles uma
herança genética como qualquer pessoa normal. Certamente trazia em Seu corpo e
em Seu semblante os traços e aparência de sua mãe, tios, primos e avós.
Terceiro
argumento: Jesus Se desenvolveu
Lucas, em seu evangelho (2.52) dá grande ênfase à humanidade
perfeita de Jesus dizendo, por exemplo, que Ele crescia “em sabedoria, estatura
e graça diante de Deus e dos homens”. O “crescimento” a que se refere não é
apenas em sabedoria e graça, mas também em “estatura”, isto é, físico.
● Jesus foi bebê,
foi criança, foi adolescente, foi jovem... Jesus cresceu porque era humano.
● Jesus precisou
de alimento, água e exercícios para sobreviver e Se desenvolver.
● Sua capacidade
física era limitada. Vejamos:
- Ele sentia
fome e fraqueza quando jejuava (Mt
4.2)
- Sentia sede
(Jo 19.28)
- Ficava
cansado (Jo 4.6)
- Jesus
sentia dor, inclusive quando foi espancado, chicoteado, esfolado com
espinhos, perfurando com os pregos e com a lança. De tão fragilizado
precisou ser ajudado (por Simão Cireneu) quando carregou Sua cruz (Lc 23.26).
Quarto
argumento: Jesus morreu.
Seu corpo humano deixou de conter a
vida, ao ser submetido à tal cruel tratamento, e parou de funcionar, assim como
acontece com o nosso quanto morremos. Mesmo depois de morto Seu corpo continuou
sendo humano, sujeito a decomposição (Jo
19.34).
Até mesmo na ressurreição Sua humanidade
foi confirmada. Jesus convidou Seus discípulos a verificar a genuinidade de sua
humanidade por si mesmo: “vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me
e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu
tenho” (Lc 24.39). Também confirmou
Sua presença física almoçando com eles (Lc
24.42; 21.9,13).
Quinto
argumento: Jesus Se considera homem.
Repetidamente fez uso da palavra “homem”
em referência a Si mesmo (Mt 8.20;
9.6; 17.9; Mc 10.45; Lc
7.34). Outro também usaram a palavra “homem” em referência a Jesus: Paulo (Rm 5.15, 17, 19; I Co 15.21, 47-49); João (I Jo 1.1).
Neste texto, João afirma que de fato ouviu, viu e tocou em Jesus.
III
– MODIFICANDO O CURSO DA HISTÓRIA.
O apóstolo João escreveu sua primeira
epístola a fim de combater um ensino herético (docetismo) que negava a
encarnação de Jesus. Ele teria apenas aparência de ser humano, mas não era
material. João percebeu logo a verdadeira intenção dessa doutrina anti-cristã:
negar a humanidade de Jesus era negar a possibilidade da Salvação (I Jo 4.2-3).
Ao examinarmos as Escrituras,
principalmente o NT, encontramos não apenas a confirmação da plena humanidade
do Messias, como também os motivos por que tinha que Se tornar homem.
Primeiro
motivo: representa a nossa obediência.
O primeiro representante da humanidade
(Adão) foi reprovado no teste da obediência (Gn 2.15; 3.7), mas o segundo representante, Jesus Cristo – Homem
(I Co 15.47), mostrou-Se aceitável perante Deus, vencendo o tentador (Lc
4.1-13). Por isso Paulo disse: “Pois assim como, por uma só ofensa, veio o
juízo sobre todo os homens para condenação, assim também, por um só ato de
justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida...”
(Rm 5.18-19).
Segundo
motivo: oferecer sacrifício substitutivo.
Se Jesus não tivesse sido homem, não
poderia ter morrido em nosso lugar e pago a penalidade que nos cabia. O autor
de Hebreus nos diz: “Por isso mesmo, convinha que, todas as coisas, se tornasse
semelhante aos irmãos...” (Hb 2.17).
A morte expiatória de Jesus pode de fato
ter proveito para nós, pois não foi alguém estranha à raça, humana que morreu
na cruz. Ele era Deus, mas também era um dos nossos e perante Deus assumiu o
nosso lugar, oferecendo a Si mesmo em sacrifício substitutivo.
Terceiro
motivo: intermediar entre Deus e o homem.
Estando nós afastados de Deus por causa
do pecado, carecíamos de alguém que e nos reconciliasse com Ele. Precisávamos
de alguém como nós, porém perfeito e sem pecado, para atuar como um mediador e
um advogado. Só Jesus poderia preencher esse requisito: “Porquanto há um só
Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (I Tm 2.5).
Jesus pode realmente ter empatia para
conosco e interceder por nós, já que Ele “sentiu na pele” todas as provações
pelas quais passamos: os nossos sentimentos, frustrações e tentações.
Experimentou o que é sofrer, passar fome e frio, ficar exausto e abatido,
sentir-se só e rejeitado (Hb 4.15).
Quarto
motivo: deixar exemplo e padrão a ser seguido.
João disse; “aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como
Ele andou” (I Jo 2.6). Paulo nos diz que estamos sendo continuamente
“transformados...na Sua própria imagem” (II Co 3.18; Rm 8.29). Pedro nos faz lembrar do exemplo deixado
por Cristo (I Pe 2.21). Na vida cristã, “corramos, com perseverança, a carreira
que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fá,
Jesus....” (Hb 12.1-2).
Jesus pôde ser o nosso exemplo porque Se
identificou plenamente conosco. Ele não veio como um super-herói, mas como um
simples mortal. Venceu porque confiou no Pai, mostrando que também nós podemos
vencer o mundo se buscarmos essa capacitação por meio da oração.
Quinto
motivo: ser modelo da ressurreição.
Quando Jesus ressurgiu dentre os mortos,
o fez num novo corpo de glória, como ensina Paulo: “...semeia-se corpo natural,
ressuscita corpo espiritual... corpo espiritual...” (I Co 15.42-49). Jesus
tinha que ressuscitar como homem para ser “o primogênito de entre os mortos “(Cl
1.18), o padrão do corpo que teremos mais tarde.
Sexto
motivo: Compadecer-Se como sumo sacerdote.
O autor de Hebreus lembra-nos de que
“naquilo que ele mesmo sofreu tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os
que são tentados” (Hb 2.18;
cf 4.15-16). Se Jesus não tivesse existido na condição de homem, não teria
conhecido por experiência o que sofremos em nossas tentações e lutas nesta
vida.
Conclusão
Não há como
medir tão extraordinário ato de amor que levou nosso Senhor a abdicar da eterna
glória e poder para Se tornar um mortal, vivenciando as limitações de um ser
menor que Ele mesmo criou. E se nos maravilhamos com Seu amor, surpreende-nos
ainda o fato de que para nos salvar Jesus não apenas Se tornou
"temporariamente homem", mas uniu para sempre Sua natureza divina com
a natureza humana. Agora e para sempre Ele vive, não só como o Filho eterno de
Deus, a segunda pessoa da Trindade, mas também como Jesus, o homem que nasceu
de Maria, o Cristo, o Messias e o Salvador de Seu povo. Jesus permanecerá para
sempre plenamente Deus e plenamente homem, e ainda uma só pessoa. E nós, seres
regenerados, novas criaturas ... nós, os que crermos, viveremos para sempre com
Ele - o Deus que Se fez homem.
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